
Espólio do passado
Rogério Coelho
rcoelho47@yahoo.com.br
O esquecimento do passado, bênção divina, nos permite serenidade para as demandas hodiernas
“A cada um será dado segundo as suas obras.” — Jesus (Mateus, 16:27.)
Não falece dúvida que somos herdeiros de nós mesmos e, portanto, artífices do nosso próprio destino; daí ensinar o insuperável Mestre Lionês:[1] “Subordinadas ao arrependimento e reparação dependentes da vontade humana, as penas, por temporárias, constituem concomitantemente castigos e remédios auxiliares à cura do mal. Os Espíritos, em prova, não são, pois, quais galés por certo tempo condenados, mas como doentes de hospital sofrendo de moléstias resultantes da própria incúria, a compadecerem-se com meios curativos mais ou menos dolorosos que a moléstia reclama, esperando alta tanto mais pronta quanto mais estritamente observadas as prescrições do solícito médico assistente. Se os doentes, pelo próprio descuido de si mesmos, prolongam a enfermidade, o médico nada tem que ver com isso. (...) É na vida corpórea que o Espírito repara o mal de anteriores existências, pondo em prática resoluções tomadas na vida espiritual. Assim se explicam as misérias e vicissitudes mundanas que, à primeira vista, parecem não ter razão de ser. Justas são elas, no entanto, como espólio do passado — herança que serve à nossa romagem para a perfectibilidade.
“(...) Os homens são imperfeitos, e, como tais, sujeitos a vicissitudes mais ou menos penosas. E pois que o fato existe, devemos aceitá-lo.
“(...) Todos somos livres no trabalho do próprio progresso, e o que muito e depressa trabalha, mais cedo recebe a recompensa. O romeiro que se desgarra, ou em caminho perde tempo, retarda a marcha e não pode queixar-se senão de si mesmo. O bem como o mal são voluntários e facultativos: livre, o homem não é fatalmente impelido para um nem para outro.”
Ensina ainda o Codificador:[2] “De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida”.
Independentemente, porém, da origem das vicissitudes, o homem é, em grande cópia, o causador de seus próprios infortúnios.
Para nos ajudar a sair desse caos devido às paixões e ao mau uso do nosso livre-arbítrio, Jesus encarnou entre nós, deixando, por alguns anos, seu Jardim de Estrelas, a fim de nos ensinar o Caminho, a Verdade e a Vida Abundante através de suas imarcescíveis lições de amor incondicional, aquele que cobre a multidão de pecados.
Sigamos, pois, o nosso querido Mestre Maior, para que as nossas heranças sejam as vibrações cariciosas de seu amor, que irá nos felicitar para todo o sempre!
- KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 51.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, 1ª parte, cap. VII.
- Idem. O Evangelho segundo o Espiritismo. 125.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006, cap. V, item 4.

“O bem como o mal são voluntários e facultativos: livre, o homem não é fatalmente impelido para um nem para outro.” (Allan Kardec)
O autor é escritor e palestrante espírita e reside em Manhuaçu, MG.
agosto | 2025
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