Dezembro | 2025

Animais e sua alma no plano espiritual

Antonio Cezar Lima da Fonseca

aclfonseca55@gmail.com

Assim como os seres humanos, ao desencarnar, as almas dos animais ficam numa espécie de erraticidade, para que sejam direcionadas a uma nova existência física

 

Sabemos que os animais adornam e compõem a vida do homem. Adotada a denominação inglesa, cães, gatos e pássaros tornaram-se nossos conhecidos e carinhosos pets.[1] Alguns deles nos acompanham em praças, shoppings e restaurantes.

Como elo necessário, os pets integram a caminhada evolutiva do Espírito, sendo que “Espíritos elevados mantêm um verdadeiro amor pelos animais”, entendendo que eles “não são menores no sentido de terem menos direitos perante as leis da vida e são apenas irmãos mais novos”, como lembra Ricardo Orestes Forni.[2] Para algumas religiões, inclusive, o animal torna-se parada possível, mas necessária, de aprendizado evolutivo ao Espírito do homem.

Assim como no homem, a extinção da chama vital no animal determina a putrefação da carne e a sobrevivência da alma. Mas o que acontecerá com a alma do pet após a perda do corpo? Em outras palavras: quando meu pet morrer — ou outro animal — o que acontecerá com sua alma?

À luz da Doutrina dos Espíritos, Kardec anunciava, desde 1857, em O Livro dos Espíritos,[3] que os animais têm alma inferior à do homem (q. 597a). Nesta obra básica, Kardec dedicou-se à matéria no Capítulo XI, da Parte Segunda (q. 592 a 613), quando tratou dos três reinos.

Anunciaram os Espíritos que, após a morte, a alma do animal entra numa espécie de erraticidade (q. 600), que é o intervalo das reencarnações. O que a diferencia dos humanos é que estes, no período compreendido entre a libertação definitiva do Espírito  (desencarnação) e sua religação a outro corpo físico (reencarnação), se tornam Espíritos errantes, que pensam e obram por sua livre vontade. No mundo espiritual, a alma do animal não tem consciência de si.

Após a morte, a alma do animal mantém sua individualidade (q. 598) e é classificada rapidamente por Espíritos encarregados dessa tarefa, a fim de ser reutilizada quase imediatamente, via reencarnação (q. 600). Ou seja, a alma do animal não fica por longo tempo no mundo espiritual (errático).

“Quando nossos animais domésticos morrem, é comum eles ficarem em nossas casas. Eles também têm alma. Os Espíritos que cuidam da natureza costumam deixá-los por algum tempo na casa do dono, até que possam nascer novamente” (Chico Xavier)

Ernesto Bozzano, clássico autor italiano, apresenta-nos inúmeros casos de animais desencarnados[4] que se manifestaram aos seus antigos donos logo depois da desencarnação. São casos excepcionais, nos quais intenso amor predominava entre tutor e animal tutelado noticiando, até, comunicação telepática entre homens e animais.

Não se ignora, ademais, a possibilidade de o pet desencarnado permanecer, em Espírito, por algum tempo no mesmo lar que o abrigava, como relatou Chico Xavier, consolando duas senhoras aflitas que o procuraram lamentando a morte do cachorrinho de estimação:

“Quando nossos animais domésticos morrem, é comum eles ficarem em nossas casas. Eles também têm alma. Os Espíritos que cuidam da natureza costumam deixá-los por algum tempo na casa do dono, até que possam nascer novamente.”[5]

A propósito da reencarnação de animais, em havendo amor efetivo entre o pet e seu tutor, a alma do animal pode voltar outras vezes, como narra Oswaldo Cordeiro a experiência do saudoso médium Chico Xavier:

“Durante toda a existência, nesta encarnação, Chico esteve cercado de animais em seu lar. Em Uberaba ele tinha alguns cachorrinhos e muitos gatos (mais de cem). Um dia, sentado na varanda de seu lar, com um cachorrinho no colo, chamado Branquinho, Chico me disse:

“— Meu filho, este (referindo-se a Branquinho) é o mesmo amigo de Pedro Leopoldo, é a quinta vez que ele vem para minha casa.”[6]

No mesmo sentido, Eurípides Kühl aponta a chegada de novo animal doméstico ao lar dizendo que é forte a probabilidade de reencarnação:

“(...) sabendo que por pouco tempo permanecem no plano espiritual, há a probabilidade de àquele convívio terreno retornarem, a breve tempo após a desencarnação. Um sinal disso seria a chegada de novo animal no lar. Embora com os automatismos biológicos específicos da espécie, tendo comportamento individual diferenciado, igualzinho ao daquele que morava ali anteriormente e há algum tempo foi para a outra margem do Rio da Vida...”[5]

Notemos, porém, não se exige que novo animal doméstico vindo ao lar encarnado seja da mesma espécie daquele que partiu, pois, à alma do animal não é dado escolher a espécie a reencarnar, pela falta do livre-arbítrio, como anotaram Kardec e os Espíritos (q. 599, O Livro dos Espíritos).

 

  1. Pet é denominação inglesa para animal de estimação.
  2. FORNI, Ricardo Orestes. O amor pelos animais. EME, 2019.
  3. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB.
  4. BOZZANO, Ernesto. Os animais têm alma?. Ed. Lachâtre.
  5. KÜHL, Eurípides. Animais, nossos irmãos. Ed. Petit.
  6. CORDEIRO, Oswaldo. Chico Xavier — Pequenas histórias: um grande homem. Ed. Grupo Ideal E. André Luiz, 2005.

 

O autor é advogado, autor do livro "Encontrando Allan Kardec"; reside em Capão da Canoa, RS.

dezembro | 2025

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Animais e sua alma no plano espiritual

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