Lembro àqueles de boa-fé que mais importante do que doar algo material é doar um pouco de si
A arte de servir com amor
Arildo Resende de Castro
arildocastro@gmail.com
Quem não vive para servir, ainda não aprendeu a viver
São Francisco de Assis, o santo da humildade, dizia com sua visão divina: “É dando que se recebe.”
Vamos ler esta oração-mensagem com a visão da alma, com a profundidade espiritual que tais palavras carregam e sentiremos toda grandeza do que é a verdadeira doação. Porque o que vale mesmo não é aquilo que damos, mas com qual sentimento damos ou doamos. Não se mede a doação pela quantidade, nem pelo valor expresso em moeda, mas pelo amor e carinho que impregnamos no gesto de doar. Todos vivemos para servir; quem não vive para servir, ainda não aprendeu a viver.
Evidentemente, ainda não conseguimos servir com a nobreza espiritual santificada de um São Francisco, mas só o gesto de servir, de praticar o bem, já é um exercício de amor. Tudo na vida, para tornar-se perfeito, exige a prática de exercícios, de gestos de carinho, que tornam a pessoa mais humana, mais sensível, mais fraterna, mais generosa. E não fazer o bem já é um grande mal. Por tudo isto, procuremos servir, ser úteis, beneficiar o próximo, pois o pouco que se faz é muito para aqueles que nada têm.
É o que se espera de um verdadeiro cristão, no sentido mais sublime do gesto de servir. É sempre estar presente, participando de todas as iniciativas, tanto nos trabalhos internos, como externos da instituição espírita que frequenta. Nunca se omitir, porque é da participação ativa dos bons, daqueles que querem servir, que eliminaremos a influência perniciosa de encarnados e desencarnados cativos do mal, perturbadores nas escolas e na sociedade em geral, necessitados de ajuda, mas que não querem ser ajudados. São aqueles prisioneiros da marginalidade, que mancham a nossa sociedade, introduzindo a droga e estimulando o vício.
A este respeito, lembro-me das palavras atribuídas a Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.” Felizmente o bem é maioria, mas não aparece porque é silencioso. Ainda assim, para cada bomba que explode, milhões de carícias alimentam a vida.
Para proteção contra esses danos morais, o Cristo nos recomendou o orai e vigiai. A Doutrina Espírita reforça este apelo e recomenda ainda o instruí-vos, pois só com conhecimento serviremos com amor e exercitaremos a fé consciente. A pior doença é a ignorância: por não doer, o enfermo não se interessa em buscar socorro.
Por isso, servir é a maneira graciosa de retribuir à natureza o ar que respiramos e o espaço que ocupamos em nosso planeta.
Lembro àqueles de boa-fé que mais importante do que doar algo material é doar um pouco de si. Do seu talento, da sua profissão, do seu tempo, dos seus conhecimentos, da sua palavra amiga e consoladora. Ser ativo nos atos de caridade e de servir. Madre Teresa de Calcutá dizia que a vida só tem sentido se a gente “doar até doer”. Não precisamos chegar a tanto, mas precisamos despertar o instinto de bondade, que nos identifica como feitos à imagem e semelhança de Deus. Neste sentido, dizia a mesma Madre: “As mãos que doam são mais sagradas do que os lábios que rezam.”
Com união, todo trabalho se torna suave, e ao servir em grupo pratica-se também o companheirismo dentro da instituição, tão essencial nos trabalhos coletivos. Manifestemos nossa gratidão a Deus, porque vivendo essas experiências salutares, aprimoramos nossas virtudes e, por consequência, eliminamos imperfeições e vícios de que somos dotados.
Quando se faz o bem, sem olhar a quem, é como o “dar de si, antes de pensar em si”. É viver este ensinamento com um sentimento de paz interior, com aquela alegria que irradia uma atmosfera de gratidão a Deus, pela oportunidade do servir, de fazer algo em benefício de nosso semelhante.
Nós trazemos intrinsecamente o germe divino, o DNA de Deus; fomos marcados por Ele pela digital, nosso CPF espiritual. Desse modo, quando colocamos amor no gesto de servir, sentimos emergir uma luz interior, que brota da fagulha divina, que mora em cada um de nós, como filhos de Deus.
Servir, com pensamentos e atitudes nobres, é fortalecer o elo de união e amor, que contribuirão para sanear o nosso Brasil de tantas ervas daninhas. Onde entra a luz, a escuridão desaparece.
Com a divina cobertura de nosso Pai Maior, com a proteção de Jesus e de seus mensageiros de luz, esperamos crescer com os nossos sentimentos mais nobres no ato de servir. Que Deus abençoe a todos nós.
fevereiro | 2022
MATÉRIA DE CAPA
O Clarim – fevereiro/2022
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