Julho | 2022

A ascensão de Jesus

Emídio Brasileiro

emidio@cultura.trd.br

Por onde o amor passa ou toca, fica sempre impregnada a luz radiosa e imperecível da verdade eterna de Deus

 

Estando, pois, reunidos, eles assim o interrogaram: Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar a realeza em Israel? E ele respondeu-lhes: Não compete a vós conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade. Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e a Samaria, e até os confins da terra. Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: Homens da Galileia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu. (Atos dos Apóstolos, cap. 1, vv. 6 a 11)

No monte das Oliveiras, antes de sua ascensão, o divino Rabi ministrou suas últimas lições consoladoras aos apóstolos e revelou que somente o Pai sabe a respeito do tempo e dos momentos fixados por meio de Sua autoridade. Fato que ocorreu provavelmente no mês de maio do ano 30 e somente Lucas o relato em seu Evangelho (24:50–53) e em Atos (1:9–11).

Deus é Senhor absoluto da eternidade, em suas infinitas realidades distintas, porquanto transcende à Sua imanência e habita em Sua transcendência infinita, realidade ainda incompreensível para inteligência humana.

Jesus prometeu a assistência do Espírito Santo, ou seja, dos seus Mensageiros, que são os Espíritos que trabalham em favor do bem, do amor e da fraternidade universal.

Em seu último mandamento e profecia, o Mestre solenemente asseverou: “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e a Samaria, e até os confins da terra.”

Estas foram as últimas palavras do sublime Messias. É a síntese do que Lucas relata em Atos dos Apóstolos. É o roteiro seguro para seus apóstolos e discípulos daquele tempo e de todas as gerações.

Nesse contexto, conforme foi dito em nossa obra, Tratado dos Evangelhos:

“Com gesto solene, Jesus ergueu as mãos e, enquanto abençoava seus discípulos, ascendia às alturas rumo às regiões venturosas de seu Reino, onde somente Espíritos superiores e puros têm acesso.

“Diante da cena inesperada e comovente, os apóstolos se prostraram em profunda reverência a Jesus enquanto era envolvido por uma nuvem até desaparecer.

“Ainda perplexos, como se buscassem, ‘com os olhos fitos no céu’, explicações ante a visão que se estendia ao infinito, os apóstolos de Jesus foram consolados por ‘dois homens vestidos de branco’, que eram ser dois anjos enviados por Jesus para alentá-los com a promessa de seu retorno à Terra.”

O Messias falou do Reino dos Céus e demonstrou, por intermédio de sua ascensão, que estaria indo ao encontro de sua Morada ou de seu Reino, região de Espíritos venturosos localizada muito além do orbe terrestre

Esse é o final da história da vida terrena de Jesus, que representa a vitória do bem. A cruz representou a vitória temporária e efêmera da injustiça do mundo. Ainda assim, o Mestre sacralizou o madeiro infamante pois, por onde o amor passa ou toca, fica sempre impregnada a luz radiosa e imperecível da verdade eterna de Deus.

Quando a fé consola, é consubstanciada em esperança. Ao final, Jesus prometeu o Espírito Santo para nortear os passos de seus discípulos. Os dois anjos também prometeram o retorno do Mestre depois daquela partida memorável. Duas promessas consoladoras diante de uma comovedora despedida. Uma mensagem sublime que também deve ser lembrada quando houver desencarnações ou afastamentos de entes queridos sobre a Terra, conforme ainda nos ensina o divino Rabi:

“Com toda a certeza vos asseguro que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado no céu, o tudo que desligardes na terra era sido desligado no céu.” (Mateus, 18:18)

Jesus e seus discípulos estavam, estão e estarão ligados pelos vínculos sagrados e eternos do amor e da vontade de Deus.

O Mestre poderia se despedir de seus apóstolos de vários modos. Ele poderia ter desaparecido de suas presenças durante uma reunião, a caminho de alguma cidade, caminhando sobre águas ou no topo de uma montanha etc. No entanto, escolheu ascender aos céus, não com o seu corpo de carne, o qual ele já havia desmaterializado no túmulo onde fora sepultado, mas com o seu corpo espiritual ou perispirítico e de forma solene. Isso para demonstrar a necessidade de se superar o mundanismo para ingressar às regiões superiores. O Messias falou do Reino dos Céus e demonstrou, por intermédio de sua ascensão, que estaria indo ao encontro de sua Morada ou de seu Reino, região de Espíritos venturosos localizada muito além do orbe terrestre.

Esse episódio consolador demonstra a preocupação do Mestre em motivar os seus discípulos para os testemunhos redentores que os aguardavam. A partir daquele momento eles retornaram a Jerusalém com mais confiança do que incertezas, com mais fé do que tristezas, com mais disposição para o trabalho no bem à espera da assistência dos Bons Espíritos que os acompanhariam até o fim de seus dias sobre o orbe terrestre.

Os Bons Espíritos sempre iniciam ou encerram suas mensagens com palavras consoladoras de bom ânimo, de otimismo, de esperança, de amor e de fé. Eles sabem que a vida na Terra é desafiadora em todos os sentidos e por isso desejam que todos nós não desistamos ante as agruras deste mundo de dores e de sofrimentos atrozes.

Felizes os que propagam a mensagem divina em canto de louvores ao Pai Misericordioso, porque ascenderão rumo às venturas celestes depois do cumprimento fiel dos seus deveres sobre a Terra.

julho | 2022

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O Clarim – julho/2022

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