Novembro | 2023

A reencarnação é o caminho

Nadjair Elias Abdala

orientadoreducacional@yahoo.com.br

Reencarnar é lei, e não fugimos desse acontecimento

 

Ao nascer vivemos uma experiência incrível. A luta começa na competição dos espermatozoides, porém bem antes há a preparação no mundo espiritual. Lembranças do passado se unem com o presente. Parentes e amigos se encontram, na busca de soluções para amenizar as tendências ruins que possuem.

Elaboram-se o planejamento reencarnatório, as metas e ações que possam ajudar na escalada evolutiva dos Espíritos aptos à reencarnação. No mundo físico, prepara-se o encontro das pessoas que serão beneficiadas com a chegada do ser reencarnante. Olhares são trocados, e gostos são conhecidos. Pode ser por ato de amor, por ato de violência, por encontro casuais, não importa; em todas as situações está a presença marcante do mundo espiritual, que deverá tomar as medidas necessárias para amparar o renascimento do ser que está por vir. Obstáculos vão existir, e serão vários.

A competição maior está na acolhida do ser que está para chegar. Constroem-se caminhos férteis ou doloridos; tudo é resgate sendo realizado. Agora, como identificar os caminhos que poderão ser seguidos? Como estabelecer metas nessa caminhada? Deve-se ter em mente apenas que o novo ser merece toda a acolhida.

Percebe-se que muitas pessoas têm defendido o aborto quando o filho não é desejado. Como defender algo que vai contra os princípios cristãos? Sabemos que não é fácil aceitar quando se é vítima de ato violento. Porém, como admitir um ato também violento contra um ser indefeso que está para nascer? Interromper a gravidez resolve?

Não importa como será o retorno, o resgate terá de existir. E nesse contexto existe a presença do mundo espiritual, preparado para agir em busca de soluções necessárias para garantir a presença do ser no mundo material.

Existe, diante dos atos, o livre-arbítrio, mecanismo que permite a tomada de decisão. Porém, é também mecanismo de responsabilidade. Somos responsáveis pelo que fizemos ou deixamos de fazer. Reencarnar é lei, e não fugimos desse acontecimento. Pobre ou rico, somos merecedores da reencarnação. Como garantir que tudo ocorra bem? Não podemos ter essa certeza. Tudo depende das circunstâncias em que o fato irá ocorrer.

Para a Doutrina Espírita, a reencarnação deve ser consciente, traçando um plano para materializar as atividades preparadas para o sucesso do projeto. Nesse projeto, o reencarnante receberá auxílio dos Espíritos responsáveis por orientá-lo e, se for o caso, protegê-lo, havendo merecimento.

Nesse processo, temos como recompensa a evolução, objetivo principal do Espírito, que a cada reencarnação adquire experiências que serão aproveitadas para as próximas vidas na matéria.

Entendamos que a reencarnação não deve ser justificativa para explicar ou dar desculpas de todas as tragédias, da ignorância, da acomodação, ou mesmo para destacar acontecimentos do presente. Na verdade, é o processo de afirmar que a vida continua em várias oportunidades que irão surgir durante a existência espiritual.

Na questão 170 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta: “O que fica sendo o Espírito depois da sua última encarnação?” A resposta: “Espírito bem-aventurado; puro Espírito.”

Através das reencarnações nos depuramos, ou seja, amadurecemos, aprendemos e atingimos a plenitude de nossa liberdade, quando então poderemos alçar-nos para esferas superiores de entendimento, as quais só podemos imaginar e desejar atingir.

A reencarnação é, assim, processo obrigatório para todos os Espíritos com necessidade de realizar a depuração, visando a atingir com o tempo a sua evolução espiritual. Todavia, há o livre-arbítrio de acelerá-la ou retardá-la. Também é mecanismo que agiliza a evolução dos mundos, por meio da individualidade, o que consequentemente melhora a vida em sociedade.

Para a Doutrina Espírita, a reencarnação deve ser consciente, traçando um plano para materializar as atividades preparadas para o sucesso do projeto

Na questão 169 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta: “É invariável o número das encarnações para todos os Espíritos?” A resposta: “Não; aquele que caminha depressa, a muitas provas se forra. Todavia, as encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porquanto o progresso é quase infinito.”

Diante dessa resposta, conclui-se que os Espíritos reencarnam quantas vezes forem necessárias, sem limite, e que caminham de acordo com as suas condições evolutivas. Ao reencarnar, lembremos, o Espírito carrega os traços do caráter, da personalidade e também das qualidades e habilidades que serviram de caminho para auxiliar a sua reencarnação. Muitas vezes, mesmo planejada, o Espírito não consegue atingir os objetivos propostos, e sucumbe, estacionando a sua evolução. Nesse sentido, as experiências anteriores lhe servem de norte para que possa seguir seu caminho, caso contrário, como explicar a rebeldia, a brutalidade, e até o mau-caráter das pessoas? Muitos atribuem à genética familiar. Se assim fosse, Deus seria muito injusto, como se os pais tivessem culpa de algo que não fizeram.

Portanto, a reencarnação é o caminho para depurar o Espírito, com a finalidade de chegar à evolução plena. Temos a certeza de que é Justiça Divina, que a pluralidade das existências explica as ocorrências que vivemos e iremos viver, e que as dificuldades são caminhos que teremos de passar para tornar-nos homens ou mulheres em condições tão diversas de uma pessoa para outra. A finalidade é colher os frutos dentre novas possibilidades de recomeçar, reviver e aprender para melhorar a nossa existência.

novembro | 2023

MATÉRIA DE CAPA

O Clarim – novembro/2023

Na nova etapa na matéria, traça-se um plano para o sucesso do projeto

Lista completa de matérias

 Dualidade de entidades

 Um anjo remove a pedra do sepulcro de Jesus

 Caridade beneficente e caridade benevolente

 Como sair do círculo vicioso do mal?

 Amar ou ser amado

 Estudando a aura

 O significado e a finalidade do batismo

 Paradigmas e mudanças

 A reencarnação é o caminho

 A bênção da dor

 Da mocidade ao poder, da fortuna à inteligência…

 Queixumes

 Destino ou merecimento?