A visão do Tabor

Anselmo Ferreira Vasconcelos

afv@uol.com.br

Jesus revela toda a sua pureza e grandeza espiritual como o mais destacado missionário divino a pisar no solo do planeta

 

O Monte Tabor, palco, talvez, da maior demonstração mediúnica já realizada na jornada humana por tudo que envolveu, fica localizado numa alta colina da Galileia situada ao leste do vale de Jizreel, e a 17 km a oeste do Mar da Galileia, assim como a 575 metros acima do nível do mar. Segundo o Wikipédia, de onde colhi esses dados, é também denominado como “Har Tavor”, “Itabyrium”, “Jebel et-Tur” ou ainda “Monte da Transfiguração”.

Como descreve o evangelista Mateus — único a relatar o extraordinário evento —, Jesus convocou apenas Pedro, João e Tiago para que o acompanhassem ao referido monte, onde se efetuou a gloriosa visão por eles testemunhada na qual “Ali ele foi transfigurado diante deles. Sua face brilhou como o sol, e suas roupas se tornaram brancas como a luz” (Mateus, 17:2). Ou seja, Jesus a eles revela toda a sua pureza e grandeza espiritual como o mais destacado missionário divino a pisar no solo do planeta.

Além disso, como pano de fundo do espetacular evento, “... apareceram diante deles Moisés [1592–1474 a.C.] e Elias [874–852 a.C.], conversando com Jesus” (Mateus, 17:3). Assim sendo, os apóstolos presenciam o diálogo entre o Mestre e dois famosos personagens, havia muito desencarnados e cujas vidas estavam umbilicalmente ligadas à saga de Israel. O mínimo que se pode dizer sobre tais acontecimentos é que eles confirmavam a continuidade da vida ou, em outras palavras, a imortalidade da alma, ainda não suficientemente compreendida nos tempos atuais. Como asseverou Cairbar Schutel, em Parábolas e Ensinos de Jesus, “A transfiguração é a pregação do Cristianismo com a todas as forças da sua vida eterna”.

Prosseguindo o relato do evangelista:

Então Pedro disse a Jesus: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se quiseres, farei três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias”.

Enquanto ele ainda estava falando, uma nuvem resplandecente os envolveu, e dela saiu uma voz, que dizia: “Este é o meu Filho amado em quem me agrado. Ouçam-no!”. [Aliás, cumpre ressaltar que nenhum outro missionário recebeu tal reconhecimento público do Pai Celestial, o que corrobora a estatura espiritual de Jesus.]

Ouvindo isso, os discípulos prostraram-se com o rosto em terra e ficaram aterrorizados.

Mas Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantem-se! Não tenham medo!”

E erguendo eles os olhos, não viram mais ninguém a não ser Jesus.

Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: “Não contem a ninguém o que vocês viram, até que o Filho do homem tenha sido ressuscitado dos mortos” (Mateus, 17:4–9).

Jesus tinha pleno entendimento da sua missão — bem como o suplício que lhe aguardava adiante —, cumprindo-a fielmente em nome do Senhor. Por conseguinte, deixou, então, à posteridade a revelação, no episódio acima citado, da sua condição de sublime enviado do Criador. Como tal, foi portador de diretrizes e ensinamentos atemporais que estabeleceram o caminho a ser trilhado por cada um de nós, para que alcancemos as culminâncias espirituais. Como corretamente destaca Cairbar Schutel, “Ouvir a Cristo deve, pois, ser o nosso principal anelo”.

Desse modo, “ouvindo” a sua mensagem alvissareira descortinamos alegrias e realizações do mais alto significado transcendental. Posto isto, a visão do Tabor representa, assim, um convite amoroso do mais Alto para que incorporemos definitivamente o Cristo em nossas vidas.

 

O autor é escritor, articulista e pesquisador independente.

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