Bengalas existenciais
Daltro Rigueira Vianna
daltrovianna@gmail.com
São vários os sentimentos que nos suportam a caminhada; cabe-nos escolher os positivos
Uma brisa tocava suavemente os corpos humanos, espargindo-se pela natureza agradecida. Pássaros em bando se empoleiravam e cantavam nas árvores da proximidade. Idoso senhor, de aparência modesta, atravessava grande avenida curvado por dificuldades no seu arcabouço físico, portando simples bengala, confeccionada de madeira de lei, que servia de valoroso apoio ao seu já cansado e dorido corpo somático. Do lado contrário, outro senhor de porte ereto, bem-vestido, exibindo uma bengala de marfim, prosseguia como observador arguto dos passantes, cioso de sua elegância, espraiando o olhar pelo ambiente.
Caro leitor, você já refletiu nos inúmeros tipos de bengalas psicológicas com as quais convivemos cotidianamente? Analisemos algumas:
A bengala do apego, sob a inspiração do egoísmo, quer com relação a bens materiais, tais como livros, móveis, imóveis, veículos, objetos de uso pessoal, joias, quer relacionada a pessoas, neste caso as paixões desvairadas, transformando-se em inúmeras desditas.
A bengala da vaidade, inoculando o veneno nos corações através do poder, da malversação do dinheiro, do sexo em desalinho.
As bengalas de variada gama de vícios, personificando o grande vazio existente no imo de muitos seres humanos à deriva de elevados objetivos existenciais, em descida à decadência moral, numa semeadura incontestável de sofrimentos e dores a serem resgatados futuramente com as moedas das lágrimas.
A bengala do ódio e da vingança, refletindo nos seres encarnados a necessidade de se desvincularem desta infeliz escravidão de sentimentos malsãos, em desacordo com os ensinamentos evangélicos.
A bengala da ociosidade e da preguiça, traduzindo improdutividade ímpar, gasto de tempo inutilmente, e olvido da importância da lei do trabalho, que edifica e enobrece o Espírito.
A bengala da maledicência e da calúnia, que dilacera corações e destrói existências inúmeras, trazendo sérias consequências pela lei de causa e efeito para seus incautos praticantes.
A bengala da intolerância, produzida por rigidez, intransigência, prepotência, induzindo a doenças de variado porte, criando desarmonias ao derredor e instaurando muitos crimes.
A bengala do medo, tolhendo nossos pensamentos e atitudes, produzindo inúmeras sensações de desequilíbrio, tanto física quanto emocionalmente.
A bengala da gratidão, que embeleza o Espírito, demonstra maturidade emocional, produz alegria e paz, podendo ser representada por um simples sorriso, um abraço afetuoso, uma palavra animadora, atitudes de louvor diante dos acontecimentos existenciais, tudo isto aureolando o ser de felicidade interior e leveza íntima.
A bengala da amizade, apanágio da existência do ser humano, alicerce nas horas incertas e felicidade nos momentos de conquistas de todo porte, consubstanciando um elevado patamar dos investimentos espirituais, constituindo-se na essência da vida, irmanando e irrigando corações.
A bengala da gentileza e da atenção, granjeando simpatias, amizades, vínculos imperecíveis e créditos futuros.
A bengala da esperança, animando corações, levantando os caídos e desalentados, impulsionando o semelhante a acreditar no futuro.
A bengala da alegria, que enriquece nosso astral, movimentando vibrações positivas, atraindo felicidade, harmonia, fortalecendo nossos corações.
A bengala da paz, que pacifica nosso interior, areja nossa mente, asserena nossa consciência, encorajando-nos perante as vicissitudes da existência terrestre,
A bengala da caridade, que constrói a ponte de um futuro ditoso, desfazendo as teias de um passado escravizado de erros, redimindo-nos.
A bengala do amor, que une os seres, vitaliza, ilumina, espraia, irradia contentamento, dulcifica, vence aversões, constrói guaridas de alegrias e nos relembra o “amar ao próximo com a nós mesmos” do Mestre Galileu, Jesus!
Reflitamos nisto!
fevereiro | 2020
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