Setembro | 2022

Dever negligenciado

Orson Peter Carrara

orsonpeter92@gmail.com

A falta de atenção, os descuidos variados, as negligências — pequenas ou maiores — que nos permitimos podem gerar quadros não previstos

 

Esta expressão, que em algumas traduções é encontrada como falta do cumprimento de um dever, foi usada por Allan Kardec no capítulo XXVIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 34, “Num perigo iminente”. Referido capítulo é intitulado “Coletânea de Preces Espíritas” e nele há preciosas considerações, em compactos prefácios, que antecedem os modelos de preces apresentados.

Na referência em destaque, a expressão diz respeito aos perigos variados que corremos, nos quais podemos constatar a fragilidade da vida humana, exposta que está a tantas situações difíceis, perigosas e, em alguns casos, promovedoras de autênticas tragédias.

Muitas aflições, tragédias, complicações físicas, emocionais ou morais, inclusive doenças poderiam ser evitadas, ou melhor, nem precisariam ocorrer, pois não se enquadravam em provas ou expiações. No entanto acontecem e são, sim, resultantes de um dever negligenciado. A falta de atenção, os descuidos variados, as negligências — pequenas ou maiores — que nos permitimos, podem gerar quadros não previstos, desnecessários. Todavia, em ocorrendo, podem entrar no quadro de provas e expiações, gerando-as como fruto exatamente do dever negligenciado, como indica a expressão, em alguns casos imediatamente ou com desdobramentos futuros no tempo.

Toda desatenção com um dever imposto pela consciência, ou mesmo pelas circunstâncias, gera efeitos no tempo, consequências que deveremos enfrentar, normalmente saturadas de aflições ou dores físicas e morais

Imagine o leitor as várias situações próprias do cotidiano que se enquadram na força da expressão. Quantos episódios todos vivemos derivados de um dever a que não demos importância, que não valorizamos, que não cumprimos.

Toda desatenção com um dever imposto pela consciência, ou mesmo pelas circunstâncias, gera efeitos no tempo, consequências que deveremos enfrentar, normalmente saturadas de aflições ou dores físicas e morais.

É comum que encontremos mais adiante, no futuro, as situações de remorso, de arrependimento, de escassez sob vários aspectos e as graves consequências de relacionamentos que se transformam em tragédias; também na sociedade, com grandes prejuízos e desdobramentos para a coletividade, resultantes da mesma razão e que igualmente geram enfermidades, misérias, violências e perturbações. Estas se desdobram além-túmulo, em cruéis obsessões e comprometimentos para o futuro reencarnatório, muitas vezes por instantes de negligência ante fatos tratados com indiferença ou omissão.

Melhor que estejamos mais atentos para atenuar ou extinguir os perigos físicos, emocionais, psicológicos, financeiros e especialmente morais que se acercam de nós. Para isso, basta uma simples e nova atitude: prestar atenção ao que ocorre à nossa volta, conosco, ou com quem está ao nosso lado. Nossa omissão poderá custar lágrimas e aflições.

Peçamos, pois, a Deus, força e coragem, para sermos mais presentes, autênticos e atuantes no bem. Mas não fiquemos apenas no pedido, comecemos a dar os primeiros passos o quanto antes...

setembro | 2022

MATÉRIA DE CAPA

O Clarim – setembro/2022

Grandes prejuízos podem advir da negligência de uma obrigação

Lista completa de matérias

 Paz e boa vontade

 A transição planetária no Espiritismo

 A mídia maior

 Oração e culto às vestimentas físicas

 Matias é escolhido apóstolo em lugar de Judas

 A sobrevivência individual

 Consciência em paz: felicidade!

 Finalmente!

 Dever negligenciado

 Pedro, embainha a tua espada

 Mensagem de amor

 Deus e Mamon

 Problemas que não acabam mais

 A encantadora força da fé