Março | 2020

Dons mediúnicos, o que fazer deles?

Maria Margarida Moreira

3m@uol.com.br

Todos nós somos chamados a cooperar no conjunto das boas obras, a fim de que nos elejamos à posição de escolhidos para tarefas mais elevadas

 

“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.” Paulo (I Coríntios, 12:4)

Examinando os dons espirituais ou, propriamente, as faculdades mediúnicas entre os aprendizes do Evangelho, o apóstolo Paulo afirma categórico no capítulo XII de sua primeira epístola aos Coríntios: “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo, há diversidades de ministérios, mas o Senhor é o mesmo e há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera em tudo e em todos. A manifestação dos Espíritos, porém é concedida a cada um para que for útil.”

Portanto, não nos creiamos maiores ou menores. Como as árvores espalhadas no solo, cada talento mediúnico tem a sua utilidade e a sua expressão. Lembremo-nos de que todo bem, muito antes de externar-se por intermédio desse, ou daquele intérprete da verdade, procede, originalmente, de Deus.

Os atributos medianímicos são como talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da Seara, da verdade e do amor. Todavia, multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos de Deus.

Todos nós somos chamados a cooperar no conjunto das boas obras, a fim de que nos elejamos à posição de escolhidos para tarefas mais elevadas. Entretanto, para a nossa segurança, deixemo-nos conduzir pelas mãos do operário Divino, para que modelemos e executemos as construções mentais superiores, tornando-nos cooperadores na obra do nosso Pai.

Depende de cada qual aprimorar ou descuidar a sua faculdade mediúnica, relegando-a a plano secundário; é responsabilidade que cada um exerce, mediante o próprio arbítrio. Para lograr êxito, abstenhamo-nos do contato com as forças que operam a perturbação e a desordem, visíveis ou invisíveis, na certeza de que daremos conta dos dotes mediúnicos com que fomos, temporariamente, felicitados, pois o Espírito do Senhor, por seus mensageiros, nos aquinhoa com esse ou aquele empréstimo de energias medianímicas, a título precário, para a nossa própria edificação e segundo as nossas necessidades.

O exercício desse mandato exige treinamento, dedicação, estudo. O fator moral é, igualmente, de relevante importância pelos efeitos que dele resultam. Assim, o conhecimento que adquirimos sobre a faculdade mediúnica nos proporcionará melhor comportamento, a fim de produzirmos com eficiência e tranquilidade.

Tenhamos cuidado de não apressar, ou seja, apurar os nossos dons mediúnicos. Ninguém deverá forçar o seu desenvolvimento, pois nesse terreno toda espontaneidade é necessária. Deve-se aceitar o evento com as melhores disposições de trabalho e boa vontade, seja essa possibilidade psíquica a mais humilde de todas, considerando-se que as tarefas medianímicas são dirigidas pelos mentores do plano Espiritual. E, paulatinamente, através de exercício metódico desses dons e, mediante conduta correta no bem, conjugando a oração ao trabalho, alcançaremos êxito, e os resultados felizes que almejamos.

Não existe uma mediunidade mais preciosa que a outra; qualquer uma é campo aberto às mais belas realizações espirituais. Certamente, alguns ao longo de sua jornada evolutiva estão mais bem aquinhoados pelos dons mediúnicos que lhes são concedidos para a própria edificação à luz consagradora da Doutrina Espírita, que é a única diretriz segura com Jesus, para o ministério abençoado da iluminação na Terra.

Dessa forma, nos quadros da ação espírita, temos os instrumentos mediúnicos necessários ao exercício, neste ou naquele setor de trabalho. E, com boa vontade e muita disposição, doemos nossas horas disponíveis ao exercício da mediunidade nobre ao falar, ao escrever, ao ensinar, ao aplicar passes, ao magnetizar a água pura, ao orar em favor do nosso próximo, ao intervir com bondade e otimismo nas paisagens enfermas de quem nos busca ajuda, ao evangelizar os Espíritos em perturbação, sobretudo, ao viver a lição do bem arrimado à caridade. Segundo Joanna de Ângelis, nobre benfeitora espiritual, “médium sem caridade pode ser comparado a cadáver de boa aparência, entretanto, a caminho da degeneração”.

A verdade é que todos estamos interligados em ministério mediúnico ativo, incessante, graças aos múltiplos dons de que nos achamos investidos, vinculados Espírito a Espírito, pelo impositivo da evolução. Por isso mesmo, em nossa esfera de serviço, não necessitamos de profissionalismo religioso. Não existem médiuns pastores, médiuns gerentes, médiuns líderes ou médiuns diretores, pois a cada um de nós cabe uma parte do grande apostolado da redenção que nos foi atribuído pela Espiritualidade Maior. E se temos um mentor a procurar e ouvir, no plano da consciência e no santuário do coração, esse mentor é nosso Senhor Jesus Cristo, que deveremos revelar em nós mesmos a divina essência da sua lição: “A cada um, segundo as suas obras.”

Se, todavia, experimentamos, ainda, sintomas mais evidentes desta ou daquela faculdade mediúnica, transformemo-nos, espontaneamente, em instrumento de amor e acendamos a lâmpada do auxílio fraterno no coração, a fim de que a caridade nos transforme em medianeiros da esperança entre os que aspiram a um mundo renovado e ditoso para o futuro, desde hoje.

 

- XAVIER, Francisco Cândido. Seara dos Médiuns. Pelo Espírito Emmanuel. 75.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991. Lição 48.

- XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. O Espírito de Verdade. Por Espíritos diversos. 15.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Lições 5 e 11.

- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 131.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2013. Capítulo XXV, itens 9, 10 e 11.

- FRANCO, Divaldo Pereira. Oferenda. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 89.ed. Salvador: Editora Centro Espírita Caminho da Redenção, 1972. Lição 30.

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