Educar para a transformação
Nadjair Elias Abdala
orientadoreducacional@yahoo.com.br
A educação vai além da razão e deve contribuir para nos tornar seres espiritualizados, mais solidários e mais generosos
Vivenciamos, de formas diversas, experiências que nos permitem evoluir no campo espiritual. Nada, porém, acontece por acaso, e tudo se transforma conforme as necessidades do Espírito.
Quando surge uma nova etapa evolutiva, desencadeiam-se processos que irão contribuir para o desenvolvimento do Espírito. Fomos criados simples e ignorantes, sem saber como aconteceria a evolução, e apenas satisfazíamos nossas necessidades básicas.
Ao chegarmos aqui, no estágio atual do planeta Terra, não tínhamos consciência dos fatos nos aspectos físicos da matéria, embora alguns tenham vindo para o planeta com histórico de aprendizados de vidas anteriores, reflexo de encarnações em outros planetas, astros ou estrelas. Estes trouxeram conhecimentos que aos poucos foram sendo permitidos, com a intenção de que a humanidade evoluísse moralmente, pois necessitavam ter a prática de uma vida melhor e mais próxima do estágio espiritual adequado para a sua evolução.
Recorrentemente, desde o surgimento do homem, muitas foram as provações nos aspectos evolutivos da matéria. Diversas transformações foram surgindo, desde micróbios, bactérias, vírus etc., para que o planeta se acomodasse até dar oportunidade para o surgimento de novas espécies.
Mas como se daria a evolução dos Espíritos aqui na Terra? Qual o papel dos arquitetos espirituais nesse processo? A resposta ainda parece obscura, mas sabemos que o planeta tem papel fundamental para que os Espíritos se desenvolvam moral e intelectualmente.
Para Bezerra de Menezes: “Embora as grandes aquisições do conhecimento tecnológico e dos avanços da ciência na sua multiplicidade de áreas, nestes dias conturbados os valores transcendentes não têm recebido a necessária consideração dos estudiosos que se dedicam à análise e à promoção dos recursos humanos, vivendo mais preocupados com as técnicas do que com o comportamento moral, que é de suma importância. Por isso, a herança que se transfere para as gerações novas que ora habitam o planeta diz mais respeito à ganância, ao prazer dos sentidos físicos, à conquista de espaço de qualquer maneira, dando lugar à violência e à desordem...”[1]
Observa-se que nossos ganhos estão muitas vezes ligados a coisas e atos que nos trazem prazer individual, e nunca ao desenvolvimento moral ou intelectual. Preocupamo-nos apenas em satisfazer nosso ego, nosso egoísmo e ao mesmo tempo os prazeres da vida material. A questão espiritual está sendo deixada de lado pela mesquinhez que teima em nos testar constantemente.
O que fazer então nesse momento tão conturbado que vivemos? Quais atitudes devemos tomar para a mudança de comportamento?
A resposta parece estar longe, mas não é impossível de obtê-la. Nossa mente está preocupada em trazer à tona fatos de vidas passadas. Devemos ser sensatos e menos perversos, emitirmos ondas de bondade e de compaixão, de amor e de misericórdia. Com certeza teremos o planeta Terra com outras vibrações com amparo nesse desafio educativo.
Nossa caminhada é longa, apesar dos desastres naturais, das carências sociais, não conseguimos resolver nossos problemas. Os tempos chegam; uma hora acontecerá a separação do joio do trigo. As pessoas que aqui habitam deverão fortalecer a fé raciocinada, contribuindo para que o planeta passe da categoria de expiação e provas para regeneração. A hora é chegada, cabe a cada um fazer a sua parte.
Mas como a educação pode contribuir para esse acontecimento? Primeiramente devemos pensar que o Espírito não é separado do corpo físico quando está encarnado, que a educação deve atuar no físico, para chegar ao perispírito e, consequentemente, ao Espírito, atingindo os aspectos morais e intelectuais. Passamos pela família, não importa qual tipo e como vivemos nela. Estamos nos referindo aqui à família constituída de algumas pessoas com laços sanguíneos ou não. O que importa é a herança espiritual que trazemos de vidas passadas. Constrói-se dentro de si uma forma completa de educação.
Precisamos ter em mente que a visão de educação vai além da razão, sendo acompanhada pelos aspectos dos sentimentos do ser espiritual, e deve contribuir para nos tornar seres espiritualizados, mais solidários e mais generosos. O Livro dos Espíritos chama este processo de ideias inatas que se revelam intuitivamente.
Para Joanna de Ângelis, por meio de Divaldo Franco, estas tendências e hábitos precisam ser aprimorados pela educação moral, além da intelectual. Como pais e professores, nos preocupamos em proporcionar a crianças e jovens a instrução acadêmica, no sentido de oferecer bons colégios, aulas de inglês, computação, ginástica etc., mas isso não basta! É fundamental e importante a educação moral no campo dos sentimentos. Vemos, como exemplo, seres humanos muito intelectualizados sem noção moral e de respeito ao outro.
Observa-se, portanto, a importância de buscarmos enriquecer nossas escolas ou famílias com ideias que colaborem para o desenvolvimento integral do ser. Construir caminhos interligados que possam buscar o processo de desenvolvimento do planeta e dos seres, nos aspectos morais e intelectuais. Não é abrir mão do aprendizado formal, mas juntar forças para que o planeta possa alcançar a sua regeneração.
Ao reencarnar, o Espírito traz tendências boas e más; aptidões, medos, muitas frustações podem tornar-se um obstáculo a ser vencido por meio de estímulos e de fontes que enriqueçam o processo evolutivo do ser espiritual.
Joanna de Ângelis, por meio de Divaldo Franco, exemplifica:
“O pai do asilo. Um pai foi visitar o avô da criança em um asilo para idosos. Ao sair com o filho este lhe perguntou: ‘papai é aqui que eu vou colocar você quando ficar velho?’ O pai atemorizado, retirou seu pai do asilo. Isto mostra que o exemplo se transmite pelo respeito e amor pelos mais velhos.”[2]
Juntos podemos construir um mundo melhor, basta querermos.
- MENEZES, Bezerra de. “A Transição do Planeta Terra. In.: FRANCO, Divaldo. Amanhecer de uma nova era. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Editora LEAL.
- Joanna de Ângelis. Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira na manhã do dia 1º de junho de 2009, em Zurique, Suíça.
- Obras Básicas da Doutrina Espírita
- SCHUTEL, Cairbar. Espiritismo e Materialismo. Matão: Casa Editora O Clarim, 1925.
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