Julho | 2019

Educar para a transformação

Nadjair Elias Abdala

orientadoreducacional@yahoo.com.br

A educação vai além da razão e deve contribuir para nos tornar seres espiritualizados, mais solidários e mais generosos

 

Vivenciamos, de formas diversas, experiências que nos permitem evoluir no campo espiritual. Nada, porém, acontece por acaso, e tudo se transforma conforme as necessidades do Espírito.

Quando surge uma nova etapa evolutiva, desencadeiam-se processos que irão contribuir para o desenvolvimento do Espírito. Fomos criados simples e ignorantes, sem saber como aconteceria a evolução, e apenas satisfazíamos nossas necessidades básicas.

Ao chegarmos aqui, no estágio atual do planeta Terra, não tínhamos consciência dos fatos nos aspectos físicos da matéria, embora alguns tenham vindo para o planeta com histórico de aprendizados de vidas anteriores, reflexo de encarnações em outros planetas, astros ou estrelas. Estes trouxeram conhecimentos que aos poucos foram sendo permitidos, com a intenção de que a humanidade evoluísse moralmente, pois necessitavam ter a prática de uma vida melhor e mais próxima do estágio espiritual adequado para a sua evolução.

Recorrentemente, desde o surgimento do homem, muitas foram as provações nos aspectos evolutivos da matéria. Diversas transformações foram surgindo, desde micróbios, bactérias, vírus etc., para que o planeta se acomodasse até dar oportunidade para o surgimento de novas espécies.

Mas como se daria a evolução dos Espíritos aqui na Terra? Qual o papel dos arquitetos espirituais nesse processo? A resposta ainda parece obscura, mas sabemos que o planeta tem papel fundamental para que os Espíritos se desenvolvam moral e intelectualmente.

Para Bezerra de Menezes: “Embora as grandes aquisições do conhecimento tecnológico e dos avanços da ciência na sua multiplicidade de áreas, nestes dias conturbados os valores transcendentes não têm recebido a necessária consideração dos estudiosos que se dedicam à análise e à promoção dos recursos humanos, vivendo mais preocupados com as técnicas do que com o comportamento moral, que é de suma importância. Por isso, a herança que se transfere para as gerações novas que ora habitam o planeta diz mais respeito à ganância, ao prazer dos sentidos físicos, à conquista de espaço de qualquer maneira, dando lugar à violência e à desordem...”[1]

Observa-se que nossos ganhos estão muitas vezes ligados a coisas e atos que nos trazem prazer individual, e nunca ao desenvolvimento moral ou intelectual. Preocupamo-nos apenas em satisfazer nosso ego, nosso egoísmo e ao mesmo tempo os prazeres da vida material. A questão espiritual está sendo deixada de lado pela mesquinhez que teima em nos testar constantemente.

O que fazer então nesse momento tão conturbado que vivemos? Quais atitudes devemos tomar para a mudança de comportamento?

A resposta parece estar longe, mas não é impossível de obtê-la. Nossa mente está preocupada em trazer à tona fatos de vidas passadas. Devemos ser sensatos e menos perversos, emitirmos ondas de bondade e de compaixão, de amor e de misericórdia. Com certeza teremos o planeta Terra com outras vibrações com amparo nesse desafio educativo.

Nossa caminhada é longa, apesar dos desastres naturais, das carências sociais, não conseguimos resolver nossos problemas. Os tempos chegam; uma hora acontecerá a separação do joio do trigo. As pessoas que aqui habitam deverão fortalecer a fé raciocinada, contribuindo para que o planeta passe da categoria de expiação e provas para regeneração. A hora é chegada, cabe a cada um fazer a sua parte.

Mas como a educação pode contribuir para esse acontecimento? Primeiramente devemos pensar que o Espírito não é separado do corpo físico quando está encarnado, que a educação deve atuar no físico, para chegar ao perispírito e, consequentemente, ao Espírito, atingindo os aspectos morais e intelectuais. Passamos pela família, não importa qual tipo e como vivemos nela. Estamos nos referindo aqui à família constituída de algumas pessoas com laços sanguíneos ou não. O que importa é a herança espiritual que trazemos de vidas passadas. Constrói-se dentro de si uma forma completa de educação.

Precisamos ter em mente que a visão de educação vai além da razão, sendo acompanhada pelos aspectos dos sentimentos do ser espiritual, e deve contribuir para nos tornar seres espiritualizados, mais solidários e mais generosos. O Livro dos Espíritos chama este processo de ideias inatas que se revelam intuitivamente.

Para Joanna de Ângelis, por meio de Divaldo Franco, estas tendências e hábitos precisam ser aprimorados pela educação moral, além da intelectual. Como pais e professores, nos preocupamos em proporcionar a crianças e jovens a instrução acadêmica, no sentido de oferecer bons colégios, aulas de inglês, computação, ginástica etc., mas isso não basta! É fundamental e importante a educação moral no campo dos sentimentos. Vemos, como exemplo, seres humanos muito intelectualizados sem noção moral e de respeito ao outro.

Observa-se, portanto, a importância de buscarmos enriquecer nossas escolas ou famílias com ideias que colaborem para o desenvolvimento integral do ser. Construir caminhos interligados que possam buscar o processo de desenvolvimento do planeta e dos seres, nos aspectos morais e intelectuais. Não é abrir mão do aprendizado formal, mas juntar forças para que o planeta possa alcançar a sua regeneração.

Ao reencarnar, o Espírito traz tendências boas e más; aptidões, medos, muitas frustações podem tornar-se um obstáculo a ser vencido por meio de estímulos e de fontes que enriqueçam o processo evolutivo do ser espiritual.

Joanna de Ângelis, por meio de Divaldo Franco, exemplifica:

“O pai do asilo. Um pai foi visitar o avô da criança em um asilo para idosos. Ao sair com o filho este lhe perguntou: ‘papai é aqui que eu vou colocar você quando ficar velho?’ O pai atemorizado, retirou seu pai do asilo. Isto mostra que o exemplo se transmite pelo respeito e amor pelos mais velhos.”[2]

Juntos podemos construir um mundo melhor, basta querermos.

 

  1. MENEZES, Bezerra de. “A Transição do Planeta Terra. In.: FRANCO, Divaldo. Amanhecer de uma nova era. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Editora LEAL.
  2. Joanna de Ângelis. Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira na manhã do dia 1º de junho de 2009, em Zurique, Suíça.

- Obras Básicas da Doutrina Espírita

- SCHUTEL, Cairbar. Espiritismo e Materialismo. Matão: Casa Editora O Clarim, 1925.

 

 

maio | 2018

MATÉRIA DE CAPA

O Clarim – maio/2018

Solidariedade e generosidade; a educação representa muito mais do que instrução acadêmica

Lista completa de matérias

 Aparição pós-morte de Jesus

 Felicidade possível

 Notícias e eventos – Maio /2018

 Educar para a transformação

 Amor de servir e coragem de suportar

 Aprendamos com Cristo

 Transformação política

 Escândalos

 Interferência do fenômeno mediúnico no tempo de ação de um medicamento

 O Evangelho sentido e praticado

 Aprendendo a pensar

 Sob o amor do Cristo: a transformação de Zaqueu