Idealismo de Cairbar Schutel é destaque nos 112 anos de O Clarim
Cássio Leonardo Carrara |
cassio@oclarim.com.br
Palestra de Irvênia Prada ressaltou o caráter visionário do Bandeirante do Espiritismo para comprovar a imortalidade da alma.
Em comemoração ao aniversário de 112 anos de fundação do jornal O Clarim, foi realizada na noite de 15 de agosto palestra pública com Irvênia Prada no auditório do Centro Espírita O Clarim.
Médica veterinária pela Universidade de São Paulo (USP), a expositora é docente aposentada de graduação e de pós-graduação na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, instituição que concedeu a ela o título de Professora Emérita.
Com vasto conhecimento acadêmico-científico, Irvênia se destacou no movimento espírita pelas abordagens em torno da questão espiritual dos animais, sendo autora dos livros A Alma dos Animais. Uma Abordagem Acadêmica e A Questão Espiritual dos Animais.
A personalidade visionária de Schutel
Irvênia iniciou sua exposição fazendo uma breve introdução sobre a vida de Cairbar Schutel antes de sua chegada a Matão, destacando sua experiência como prático de farmácia, a devoção católica em sua juventude e o posterior descobrimento do Espiritismo a partir da busca pela compreensão dos sonhos que passou a ter com seus pais.
Após este introito, a expositora citou a fundação do jornal O Clarim, em 15 de agosto de 1905, e da Revista Internacional de Espiritismo, em fevereiro de 1925, além dos inúmeros livros de autoria do Bandeirante do Espiritismo, que o estabeleceram como um dos maiores divulgadores da história Doutrina Espírita.
Ela se ateve, então, a analisar alguns aspectos de duas obras: A Vida no Outro Mundo e Gênese da Alma.
Em A Vida no Outro Mundo, Irvênia destacou a noção veemente de imortalidade, base de explicação para todos os conflitos relacionados à vida na Terra.
Cairbar comenta na obra que as pessoas não cogitam seus deveres, destinos e o propósito de suas existências. Este comportamento relapso acaba por provocar no homem, no fim da vida orgânica, um tormento diante da reflexão inevitável sobre o modo de viver, cobrando de si mesmo, ainda que inconscientemente, os compromissos que deixaram de ser cumpridos.
Irvênia citou, ainda, os grandes avanços tecnológicos do mundo moderno, nas mais variadas áreas, em contraste com conflitos sociais e questões morais graves como eutanásia, aborto e suicídio assistido. Se as noções de imortalidade defendidas por Schutel na primeira metade do século XX fossem plenamente compreendidas pela humanidade, essas atrocidades seriam evitadas, pois voltaríamos nossa atenção a conceitos que valorizam o desenvolvimento moral.
Também foi ressaltado pela palestrante que, em A Vida no Outro Mundo, Cairbar Schutel critica o materialismo massivamente presente em toda a humanidade e expõe sua preocupação com os rumos da ciência, que se desenvolve totalmente alheia às questões espirituais. Este pensamento visionário tem ganhado força quase um século depois no meio acadêmico, resultando na criação do Manifesto para uma ciência pós-materialista (Manifesto for a Post-Materialist Science), organizado pelos pesquisadores Gary E. Schwartz e Mario Beauregard, da Universidade do Arizona, e Lisa Miller, da Universidade de Columbia, que foi apresentado em conferência internacional sobre a ciência pós-materialista, espiritualidade e sociedade, em Tucson, Arizona (EUA), no mês de fevereiro de 2014. O manifesto já teve a adesão de um grande número de pesquisadores em todo o mundo, oriundos de várias áreas da ciência.
Irvênia ressaltou que Cairbar Schutel não era um mero especulador, mas se utilizava de referências de grandes autores da ciência acadêmica para embasar suas teorias, bem como pesquisadores espíritas e espiritualistas que já haviam feito estudos preliminares para comprovar a imortalidade da alma. Este, pois, é o único intuito de Gênese da Alma, segundo livro analisado pela expositora.
Nele, Irvênia destacou a preocupação de Cairbar com a falta de estudo, observação e meditação, uma ignorância presunçosa que permitiu o destaque do homem, classificando-o como ser à parte na evolução. Citando o caso do cão da Sra. Borderieux, explicitado no livro, Cairbar afirma que não há dúvida que os animais têm uma alma racional e sentimental que direciona suas atitudes. Sendo o instinto e a inteligência atributos do espírito, fica claro o principio espiritual (uma alma imortal e perfectível) presente nos animais.
A expositora encaminhou o encerramento da palestra mostrando algumas fotos antigas de Schutel e citando a relevância de seu trabalho no jornal O Clarim e na Revista Internacional de Espiritismo, recebendo justas homenagens com a construção do Memorial Cairbar Schutel, visitado por ela e seu esposo Flávio no dia seguinte à palestra.
Por fim, Irvênia citou mensagem psicografada de Schutel no encerramento do 15º Congresso Estadual de Espiritismo, promovido pela União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE), em Franca (SP), no dia 1º de maio de 2012:
“Se existe uma expressão fecunda de gratidão à luz do Espiritismo, que nos libertou da ignorância e dos vícios morais, ela pode ser reconhecida no trabalho consciente e ardoroso de sua divulgação. O Espiritismo é o clarim matinal que anuncia a Era da Regeneração tão aguardada, como radioso sol que a todos alcança, para a efetiva libertação espiritual de nosso globo. Mãos à obra com Jesus e Kardec!”
setembro | 2017
MATÉRIA DE CAPA
O Clarim – setembro/2017
Com palestra comemorativa de Irvênia Prada, personalidade visionária de Cairbar Schutel e suas teorias imortalistas são destacadas.
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