Mulher
Walkiria Lúcia de Araújo Cavalcante |
walkiria.wlac@yahoo.com.br
É a mulher que desde o berço modela a alma das gerações futuras.
“50. A espécie humana começou por um único homem? ‘Não; aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro, nem o único a povoar a Terra’” (O Livro dos Espíritos).
A diferença estabelecida entre os homens e mulheres é algo que nos acompanha em toda a história e possibilita analisar o porquê de se colocarem em terrenos opostos seres que estão encarnados, num mesmo processo evolutivo, ora vestindo a roupagem masculina, ora a roupagem feminina. A questão é bem explicada em O Livro dos Espíritos, nas questões 201 e 202.
Temos a necessidade de aprendizado, que se sobrepõe a qualquer sentimento ou a qualquer preconceito que ainda esteja intrínseco na criatura humana. O ponto principal é a escolha do veículo que melhor se adequa ao aprendizado e como será útil para avançar rumo à perfeição, da mesma forma que encarnamos ora numa situação financeira mais favorável, ora em outra que provoca restrição financeira.
Somos iguais perante Deus, pois todos somos seus filhos bem-amados. A questão 817 traz isso de forma peremptória, tendo como resposta dos espíritos que Deus outorgou “... a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir...”. O instrumento (corpo físico masculino ou feminino) serve como veículo de aperfeiçoamento e não define em que parte da escala evolutiva nos encontramos.
Ainda vivemos uma cultura machista, não obrigatoriamente sustentada por homens, que provoca injustiça e crueldade. As instituições sociais e a cultura dominante procuram passar a ideia da inferioridade feminina, em virtude da sua fragilidade, e porque o homem a suplanta em força física. Mas verificamos na questão 819, falando da fraqueza física feminina, que ela se justifica: “Para lhe determinar funções especiais. Ao homem, por ser o mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma vida cheia de amargor”. Não é uma competição. É um processo de ajuda mútua.
Valendo destaque o campo mediúnico. No livro O Consolador (Emmanuel e Chico Xavier) há especificamente uma pergunta feita no sentido de saber se há privilégios quanto ao médium ser homem ou mulher: a questão 385.
“A mulher ou o homem em particular, possuem disposições especiais para o desenvolvimento mediúnico? – No capítulo do mediunismo não existem propriamente privilégios para os que se encontram em determinada situação; porém vence nos seus labores quem detiver a maior percentagem de sentimento. E a mulher, pela evolução de sua sensibilidade em todos os climas e situações, através dos tempos, está, na atualidade, em esfera superior à do homem, para interpretar, com mais precisão e sentido de beleza, as mensagens dos planos invisíveis.”
A mulher possui como funções precípuas ser agregadora, mediadora e educadora. É a mulher que desde o berço modela a alma das gerações futuras. O Mestre Jesus foi o maior defensor das mulheres, sendo estas que lhe ficaram fiéis até o fim. Algo que vale a pena ser trazido para análise é que a cultura religiosa, com o passar dos tempos, corroborou a submissão feminina ao homem. A Doutrina Espírita traz uma nova maneira de enxergar, pois, não possuindo uma classe sacerdotal, por exemplo, existe o nivelamento de todos na mesma condição, fazendo com que a elevação moral seja a única a ser analisada e seguida. Informações estas mais detalhadas podem ser encontradas no livro No Invisível (Léon Denis), capítulo 7, “O Espiritismo e a Mulher”.
Mas nem tudo são flores. Não poderíamos deixar de falar do que Joanna de Ângelis intitula no livro Encontro com a Paz e a Saúde, capítulo 4, de Feminismo de Revide.
“... porque a organização genésica da mulher estruturalmente não está capacitada para as experiências múltiplas do sexo sem amor, sem responsabilidade, conforme sempre foi imposta àquelas que têm sido empurradas para os prostíbulos e as casas de perversão e de indignidade humana, como escravas das paixões asselvajadas de psicopatas aturdidos sedentos de gozo animalizado...”
Não somos objetos, somos seres humanos que precisamos ser respeitados. Mas este respeito começa por nós mesmos. Vemos, com muita alegria, que o movimento espírita antes possuía, em sua maioria esmagadora, mulheres; agora foi invadido, no bom sentido do termo, por homens, que buscam no acolhimento materno que a Doutrina traz alívio e entendimento para suas dores e situações a resolver, buscando no recesso de uma instituição espírita o amparo e o equilíbrio para as demandas da vida, procurando comportar-se de forma digna perante a sociedade e no trato com o próprio corpo, não promiscuindo a ninguém nem promiscuindo a si próprio.
Sempre reafirmamos que a evolução é pessoal e não pode ser transferida a outros ombros. Não importa qual roupagem estejamos vestindo, importante é como nos expressamos através dela. A história tem lindas figuras femininas a serem seguidas, como exemplo: Maria, mãe de Jesus, lindo vaso escolhido para receber a flor mais bela que a Terra conheceu; Maria de Magdala, que após o encontro com o insigne Mestre mudou a conduta sendo uma de suas seguidoras mais fieis no trato aos desvalidos; a mulher distinta trazida em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo IV, item 13, que faz a caridade sem fazer propaganda de si mesma e certo dia quando uma de suas protegidas vem a sua presença, e a reconhece, ela responde: “Silêncio... não o digas a ninguém.”
Falava assim Jesus: Que possamos honrar a existência, na roupagem feminina ou masculina. Sermos filhos dignos do Pai Ama
maio | 2016
MATÉRIA DE CAPA
O Clarim – maio/2016
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