Março | 2021

O corpo, já nos foi ensinado, é o templo onde vive a alma para sua caminhada de experiências, aprendendo e ensinando por meio de observações e ações

O homem no mundo

Octávio Caúmo Serrano

ocaumo@gmail.com

Não há interrupção na caminhada do Espírito quando sai do mundo material para o mundo dos Espíritos

 

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?

Só a reencarnação explica.

Essas perguntas expressam algumas das maiores dúvidas do ser humano e têm respostas diferentes conforme a doutrina que se professe. Para os tradicionalmente “cristãos”, católicos e protestantes, nascemos e morremos uma só vez e após a morte vamos definitivamente para um mundo etéreo e mal definido, onde seremos separados entre os que habitarão o céu e ficarão contemplando a face de Deus em completa ociosidade, e os que viverão no inferno, para todo o sempre, segundo as obras que tiveram durante a vida material.

Nesse julgamento, porém, não cogitam por que a uns foram dadas condições para fazer o bem, seja por maior inteligência e discernimento, seja por recursos materiais mais abundantes. Não podem explicar por que Deus, que teria criado seus filhos à Sua imagem e semelhança, os houvesse aquinhoado de maneira tão diferente, sem qualquer justificativa. A uns deu beleza, a outros aleijões e doenças crônicas; a uns abundância, a outros a miserabilidade; a uns as ideias claras, a outros a atrofia mental. Culpam o DNA e a ancestralidade, mas não dizem por que numa família de cinco filhos encontramos cinco universos distintos, com índoles, temperamentos e tendências totalmente diferentes.

Só há uma doutrina capaz de explicar essas diferenças: a da reencarnação. É algo tão lógico e difundido que, em 1940, era crença de 2% dos brasileiros, passando a 90% na atualidade, independentemente da religião professada. Entre estes, há os que não creem totalmente e têm dúvidas sobre o assunto. Como a grande maioria dos povos da Terra professam doutrinas que creem na reencarnação, encontramos hoje até católicos e protestantes que aceitam a ideia pela sua lógica. Muitos que se dizem ateus admitem a reencarnação; os índios, que não têm religião, são adeptos da reencarnação porque creem na justiça do Criador.

A morte nada mais é do que o dia seguinte. Não há interrupção na caminhada do Espírito quando sai do mundo material para o mundo dos Espíritos. É como quem viajou e dormiu no avião despertando noutro país. É o mesmo ser com a mesma vida. Nada cessa, há somente alteração de planos e objetivos, caso o “morto” se dê conta do desencarne!

Se não houvesse essa continuidade, não teria sentido tanto sacrifício para sermos melhores, ajudar o semelhante, combater defeitos e incorporar virtudes para tudo se acabar melancolicamente. Tanto sacrifício em troca do nada! O que acontece é que padres e pastores querem cobrar pedágios nesta viagem que fazemos rumo ao tal juízo final e tentam convencer-nos de que a salvação depende da intervenção deles, que nos conduzirão ao encontro com o Criador. Todavia, isso só depende de nossas próprias obras. As igrejas servem para orientar-nos com base no Evangelho, não para salvar-nos. Isso fica por conta das nossas ações. A cada um segundo as suas obras (Mateus, 16:27).

No capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 10, um Espírito protetor, que não se identifica, por ser desnecessário, nos estimula a viver no mundo com os prazeres que o mundo nos oferece. Diz que devemos procurar ser felizes, com o cuidado de não infelicitar o semelhante, mas repartindo com ele o máximo da nossa felicidade, material ou espiritual.

Por isso é que o Espírito Georges, no item 11, nos recomenda cuidar do corpo e do Espírito, porque um depende do outro. As ideias vêm da mente, que é o próprio Espírito, mas as ações precisam dos gestos materiais: o sorriso, a oferta, o apoio, o consolo, que têm sua ação na boca, no braço, nos olhos, nas mãos. Com os órgãos se executam os trabalhos idealizados e planejados pela mente (Espírito). Portanto, devemos ter o corpo o mais sadio que nos for possível para sentir alegria e estímulo na prática do bem.

O corpo, já nos foi ensinado, é o templo onde vive a alma para sua caminhada de experiências, aprendendo e ensinando por meio de observações e ações. O uso harmônico dessa dupla é o que nos permite o crescimento espiritual, que fará com que saiamos daqui para a nova etapa em condições melhores do que aqui chegamos.

Como fecho desta exposição, diríamos: — Salve-se que puder; ou melhor, quem souber!

março | 2021

MATÉRIA DE CAPA

O Clarim – março/2021

Cada estágio na Terra é uma nova oportunidade evolutiva

Lista completa de matérias

 Musicalidade e harmonia

 A chama divina que dorme em nosso peito

 Sim, sim; não, não

 Jesus

 A argúcia de Jesus

 A melhor religião

 Revivescência espiritualista

 Séria reflexão sobre a vida

 Orgulho e humildade

 Jesus e o Espiritismo

 Será…

 O homem no mundo

 O jugo leve

 A grandeza da oração