Paulo de Tarso: missionário do amor e o bom combate
Jaime Facioli
jaimefacioli.adv@uol.com.br
Imortalizou o esforço dos irmãos de caminhada em direção aos esplendores celestes
Os profitentes vocacionados para a evolução inexorável nos planos de evolução em trânsito pelo belíssimo planeta Terra, em provas e expiações, realizam com denodo a luta no tatame da existência, para vencer as más inclinações, opções feitas no passado remoto, cujo marco perde-se na poeira dos tempos.
Sim. Os filhos da Divindade saíram das mãos misericordiosas da Consciência Cósmica, simples e ignorantes; por livre escolha maculam seu prontuário com atitudes de improbidade, desviando-se dos propósitos iniciais; todavia, essa escolha foi, e é, de uma minoria que opta por esse caminho, sem obedecer às diretrizes traçadas para o bom êxito na jornada evolutiva.
Esse proceder atrasa os caminheiros no alcance dos páramos celestiais, retardando nessas circunstâncias a marcha progressista de incontáveis criaturas; nada obstante, essa ocorrência, emérita professora do aprendizado, ainda que pela dor, não impossibilita o avanço das criaturas, porquanto, o Senhor da Vida a todos seus filhos permite pelas leis adrede estabelecidas, corrigir a rota e lutar o bom combate, como apregoou o Apóstolo Paulo aos Coríntios em sua epístola.
Paulo de Tarso, o apóstolo do Cristo de Deus, imortalizou o esforço dos irmãos de caminhada em direção aos esplendores celestes, na expressão do “bom combate”, apresentado seu amor sublime, conforme contido no Livro II de Timóteo 4:7, quando convicto do desencarne iminente e reflexivo quanto aos seus feitos e o muito ainda necessário a ser realizado, confessa: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.”
Sem contradita, é notório o nobre momento em que arauto do bem expressa todo o seu sentimento, consoante consta em Gálatas 2.20: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus.”
Longe de se tratar de uma aliança com o ócio, o procedimento do arauto do bem revela uma sensibilidade para a historicidade que se confunde com o tempo passado, presente e futuro dos cristãos. Deste modo, preconiza a importância e a necessidade do verdadeiro cristão, do seu primeiro ao seu último dia no corpo carnal, se preparar para os embates da existência, nas provas e expiações, sem esmorecer, mas com fé e esperança de que nada acontece por acaso, mas por uma causa, conforme reflexão de Léon Denis em O problema do ser, do destino e da dor.
De qualquer sorte, é fácil carregar Jesus no peito. É só mandar confeccionar camisetas alusivas ao homem de Nazaré. Difícil é colocar o peito a serviço de Jesus. Bem por isso, diz-se que se vê aqui e acolá tentativas de fechar os olhos para as coisas de Deus. Ignora-se o combate e as dificuldades se transfiguram em meros acontecimentos divinos sem o controle da ação humana, dirimindo-se da real responsabilidade de seres atuantes no processo de melhora, pessoal, solidária e planetária. Ao espírita não cabe imaginar quanto à necessidade de possuir talentos especiais, mediunidade especial, para enxergar seus defeitos, colocando-os à prova diária no afã de combatê-los para benefício, primeiramente, de si mesmo, bem como de todos os que permeiam o seu campo magnético-fluídico. Sem dúvida, O Evangelho Segundo o Espiritismo conduz ao alerta e chama a atenção para uma possibilidade ímpar de releitura dos atos e comportamento na liça do modelo de vida eleito. Trata-se de uma possibilidade que se fundamenta na célebre frase encontrada no Templo dedicado ao Deus Apolo, denominado Delfos, na Grécia e eternizada por Sócrates, conduzindo os profitentes à reflexão comedida das criaturas da Potestade, em profusão e em essência: conhece-te a ti mesmo. Travar o bom combate na busca incessante de empreender novos passos em busca da Consciência Cósmica é imperativo e urgente em atendimento aos cânones sagrados das Leis Divinas.
Servindo-se da luz dessa retórica, sabe-se que na jornada da vida há pedras e flores, mas despiciente dizer que a verdade é que não se pode ligar ao ócio, nem deixar de enfrentar os problemas do dia a dia e hora a hora, como solicitam as responsabilidades a que foram chamados os filhos do Senhor do Universo, e com o que se comprometeu na pátria espiritual.
Diante das provas diárias não há por que enfraquecer os ânimos e perder as esperanças. Siga adiante na certeza de que o Pai Celestial cuida de todas as suas criaturas conforme dispõe a questão 963 de O Livro dos Espíritos.
Com fulcro nessa irrestrita confiança na Potestade, não tema as tempestades, certos de que elas estão apenas preparando o terreno para novas colheitas. Não há por que parar no meio do caminho; cumprida a promessa do Divino Galileu, a 18 de abril de 1857 nos Campos Elísios, na França, na livraria do Senhor Dante, hoje não há mais razão para interromper a marcha do progresso, conscientes de que o destino está nos esplendores celestes através da evolução.
Jamais ficar de braços cruzados quando os projetos existenciais não prosperarem. Entre o céu e a terra, há mais razões do que sonha a vã filosofia. É de bom alvitre não lamentar as quedas, mas ver o aprendizado que elas possibilitam. Buscar novos horizontes é dever dos filhos da Providência Divina em cumprimento à lei do progresso, carregando nas malas da vida as lições aprendidas, pois as criaturas são o resultado de suas experiências d’antanho, em uma palavra, a soma de suas reencarnações.
Não há por que se abalar diante das tormentas. Segundo Emmanuel, tudo passa. Não se olvide o potencial que o Pai concede aos seus filhos dando forças para superar qualquer dor. Sem dúvidas, os filhos de Deus estão capacitados, habilitados e assistidos para atravessar a escuridão. Coragem e fé fazem enxergar a luz que brilha na obra do Divino, mesmo quando se derrame lágrimas, passo a passo, siga o caminho, porque no bom combate não se alforria viver na matroca.
É óbvia a compreensão de que não é lícito ficar de braços cruzados, vendo as trevas se aproximarem; há que se aliar à fé, sentindo o Poder Divino fortalecer suas criaturas para que se vença qualquer investida do mal. É sem dúvida a luta do bom combate, as flores do caminho cujos acúleos não serão capazes de vencer os desideratos existenciais. As dificuldades do dia a dia são instrumentos de elevação e valoração no que já se realizou e o quanto ainda necessitamos da ferramenta do bom combate para o aprimoramento da evolução. As “perdas” e as preocupações nos tentames da vida não autorizam abandonar as esperanças, porque ela é chama acesa que renova os propósitos, e no lugar do desespero, faz nascer a prece nos corações amorosos em direção ao Pai Celestial que tudo provê, motivo da prédica de Jesus recomendando olhar os lírios e os pássaros do campo que não tecem nem fiam, mas mesmo assim o Pai de Misericórdia cuida deles.
Assim, não se permite que o pessimismo obscureça os passos daqueles que têm sede de justiça. Ao acordar cada manhã, as adversidades aguardam o bom combate. É indispensável lançar um olhar no passado e sentir a recomendação de Paulo de Tarso, cientes de que o Pai jamais abandona os seus filhos e n’Ele residem as esperanças de que a vida é um presente especial.
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