Julho | 2019

Perante a morte

Eriberto Kotelak

nepompmpr@gmail.com

Algumas atitudes que podem auxiliar aqueles que ficaram

 

Abordar este tema produz sentimentos contraditórios, ora de alívio, ora de angústia, visto que somos surpreendidos por situações de vida e de morte cotidianamente. É importante refletir sobre o assunto, pois cada pessoa age de formas diferentes, e nem sempre compreendemos as reações daqueles que ficaram.

Quando nos deparamos com alguém que perde um ente querido, principalmente no caso de morte (porque há pessoas que desaparecem e não é confirmada a extinção da vida física), ficamos “sem saber o que dizer” ou como agir. Descreveremos a seguir as dúvidas mais comuns nestas situações, e possíveis atitudes de como nos comportarmos ante esses fatos.

  • Será que existe uma forma mais afável que a manifestação de um simples “sinto muito” ou “meus sentimentos”?

Creio eu que o “sinto muito” não é uma boa forma de expressão, pois é preciso focar no sentimento de quem está passando pelo processo da perda, e não em nossos sentimentos. Devemos procurar uma abertura de diálogo para que esta pessoa se expresse livremente, se assim ela desejar.

  • Mas como saber se a pessoa prefere falar ou não sobre este momento de luto?

Cada pessoa age de forma única, e algumas não querem ou não precisam falar, superando a situação através de interiorização e reflexão. “Acho que este momento, e tudo o que está acontecendo, é muito difícil para você”, é um jeito de iniciar a conversa, e dependendo da receptividade, você prolonga ou não o argumento.

  • E como devemos agir se a pessoa se comporta de maneira histérica?

Isto é muito complexo, pois é deveras complicado precisar o que seria realmente histeria ante uma perda. Se o comportamento da pessoa for completamente descontrolado ou agressivo, procure retirar a pessoa do ambiente de vigília e lhe faça companhia até ela acalmar-se.

  • Como posso comunicar da melhor forma a uma pessoa sobre a morte de um ente querido?

Bem... evite fazê-lo por telefone. Procure falar pessoalmente e de forma particular, diretamente, cuidando de preveni-lo. “Tenho de lhe dizer algo que vai ser difícil para você.” Se a pessoa estiver no trabalho, colégio ou faculdade, acompanhe-a até sua casa, faça-lhe companhia ou procure alguém que possa dispor-se. Não é necessário permanecer no mesmo cômodo, mas procure ficar na mesma casa. Coloque-se à disposição para pequenas providências que ela, naquele momento, não está apta a tomar, tais como: preparar refeições, cuidar das crianças, atender ao telefone, ou fazer compras se preciso for.

  • Criança no funeral é correto? A partir de que idade elas podem acompanhar o féretro?

Isto também é complexo. Algumas crianças podem ser parentes próximas do falecido e não vão aceitar o afastamento. Contudo, é preciso mensurar se elas já apresentam um comportamento que lhes permita participar do ritual. É conveniente, ainda assim, explicar-lhe a situação que irá enfrentar, que as pessoas estarão tristes e chorosas, e que a aparência de uma pessoa morta será diferente de quando estava viva. Não é preciso forçá-la a ver o corpo, muito menos beijar o defunto.

  • E nossas lágrimas? Como explicar às crianças?

Devemos deixar claro para as crianças que são por nós mesmos, por estarmos tristes naquele instante, já que dali em diante ficaremos sem a presença daquela pessoa querida, e não porque algo terrível acontece depois da morte. É preciso esclarecer que a morte é um fato natural que ocorre com todos os seres vivos, inclusive com as plantas.

  • Por que algumas pessoas não choram com a perda de um ente querido?

Alguns não choram porque já atingiram um grau de maturidade suficiente para compreender que a morte é um fenômeno natural, e que todos nos reencontraremos noutro plano. Outra possibilidade se apresenta quando não se tem relação direta com a dor: ocorre uma interiorização e possivelmente essas pessoas venham a chorar em silêncio, noutro momento. Relacionamento à distância, com raras visitações, quando a saudade já nem machucava mais, pode também ser uma explicação, ou ainda devido a traumas sofridos no relacionamento com aquele agora desencarnado, ocasionando muitas dores emocionais. Por fim, há aquelas pessoas que foram ridicularizadas na infância ou proibidas de chorar, podendo encontrar dificuldades na fase adulta de exteriorizar-se por meio do choro — tal comportamento é muito comum na criação dos homens.

  • Como devemos nos comportar nas datas festivas com alguém que sofreu uma perda recente? Exemplo: Natal, Páscoa, aniversários...

É muito reconfortante saber que alguém está preocupado com nosso bem-estar nestas ocasiões, não tenha dúvida disso! O aniversário do falecido, Dia das Mães, Dia dos Pais, Natal, Ano-novo ou Páscoa, pode servir de pretexto para que a pessoa fale sobre o assunto e encontre certo alívio. Seja direto e formule um convite: “Olha, sei que é o primeiro ano em que você está sem o ente querido nesta data especial, por isso, pensei que seria bom se viesse a passar o dia conosco.” Isto traria um alento enorme àquela pessoa.

  • Como reagir se a pessoa volta sua raiva decorrente de uma perda contra outras pessoas, escola ou contra o trabalho, por exemplo?

É preciso demonstrar que estamos cientes de que ela está projetando sobre nós ou sobre a instituição a raiva causada pela perda, sem ofendê-la, menosprezá-la ou reprimi-la. Converse com ela francamente a respeito do assunto e a conscientize da situação, buscando acalmá-la e auxiliando-a no que for necessário.

***

A Doutrina Espírita é um grande bálsamo no quesito desencarnação, pois há um compêndio enorme de livros, textos e palestras que tratam do tema, e que, “graças a Deus”, chegam às mãos de milhares de pessoas não espíritas, auxiliando-as a elucidar o assunto e, não raras vezes, reconfortando-as com suas mensagens.

novembro | 2018

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