Princípios fundamentais do pacifismo
Redação
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Matão, 22 de Outubro de 1932
A guerra é a maior calamidade que os homens podem sofrer
O pacifismo é a doutrina da paz, absolutamente, terminantemente, categoricamente contrária à guerra.
Baseada nos sentimentos de fraternidade, pelos quais se sacrificaram os grandes Espíritos que vieram concorrer com suas luzes para o progresso e bem-estar da humanidade, o pacifismo não pode, absolutamente, ceder às sugestões da guerra, seja por que motivo for que ela se apresente no mundo.
Para nós, pacifistas, a guerra é a maior calamidade que os homens podem sofrer: nem a peste, nem a fome, nem os fenômenos sísmicos, os maremotos, os terremotos, a praga de gafanhotos e bichos peçonhentos, se pode comparar à guerra. Ela é a dissolução do lar, a divisão da sociedade, a pobreza, o descrédito e a decadência das nações. Oriunda do orgulho e do egoísmo, a guerra é a retroação dos povos à barbaria, é a negação de todas as virtudes que aureolam os santos e de todos os preceitos divinos preconizados por todas as religiões do mundo.
Nos preceitos do Decálogo, que qualquer criança sabe de cor, não cabe atenuante alguma para a guerra. Ela é ainda mais que a Geena de fogo, o Hades asfixiante, os infernos ferventes de pez e de enxofre.
O pacifismo vem fazer aos habitantes da Terra um apelo fervoroso contra a guerra.
É em nome de Deus, que ordenou no seu Decálogo – “Não matarás” – que, de joelhos ante os nossos irmãos, suplicamos não sancionarem a guerra, nem com o seu concurso pessoal, nem com seus haveres, nem moralmente, nem direta, nem indiretamente; ao contrário, se demonstrarem francamente, lealmente, sinceramente a favor da paz e se esforçarem tanto quanto puderem para que a doutrina da paz, que é a doutrina de Jesus Cristo, domine o nosso país, domine o mundo todo.
E os nossos irmãos não são só os homens, são as mulheres também, a quem estendemos a nossas rogativas, prontos a beijar as mãos de todas aquelas que bem acolherem o nosso pedido, referendado frisantemente pelo Filho Amado de Deus, na sua ordenação: “Amai-vos uns aos outros.”
Em agosto passado, o grande cientista Albert Einstein, descobridor da Lei da Relatividade, enviou à imprensa de todo mundo uma “Mensagem”, dirigidas aos delegados do Congresso Internacional dos Resistentes à Guerra, reunidos em Lyon, para que não cessassem a sua ação em favor da paz, pois, eles representavam um poder infinitamente superior à força das armas, detentores que eram da representação da classe culta de cinquenta e seis países.
A imprensa nobre e liberal em peso fez repercussão da palavra autorizada de Einstein, e a Milícia da Paz aumentou consideravelmente seus contingentes.
Com o intuito de valorizar as nossas palavras de apelo fraternal aos que se acham sob a égide das Divinas Leis que nos hão de redimir e felicitar, vamos resumir a mensagem do grande pacifista, em seus máximos princípios fundamentais.
1º. É dever de todo o pacifista propagar a paz, sem receio.
2º. Dirigi-vos a todos os vossos amigos: apelai para todos os trabalhadores enumerando as vantagens da paz.
3º. Apoiai todos os movimentos de consciência destinados a levantar a humanidade contra a conscrição.
4º. Auxiliai da maneira que puderdes a imprensa pacifista, negando o vosso concurso moral à imprensa mercenária que propaga a guerra.
5º. Dedicai a vossa simpatia e dai os vossos aplausos aos escritores e oradores que publicamente se pronunciam a favor da paz.
6º. Influi suasivamente para que os jornais da vossa terra se recusem a servir a guerra, mesmo que lhes seja preciso suspender sua publicação, visto a imprensa não ser um balcão, mas sim um sacerdócio.
7º. Não espereis o mundo baixar as armas para militares a favor da paz, mas sede os arautos da paz.
8º. O momento não é de contemporização. Sois a favor da paz? Animai a ciência, o capital, a indústria, o comércio, o trabalho, a religião, para que o seu produto, a sua sabedoria, o seu dinheiro, não sirvam para aquisição de armas assassinas, de material de tormentos e de suplícios.
Avante, geração atual, avante, pois a vós compete dar o passo decisivo para transmitir às gerações futuras o dom inestimável de ver o mundo redimido da barbaria da guerra!
A mensagem assim conclui:
“Apelo para todos – homens e mulheres, eminentes e obscuros, pedindo que recusem qualquer auxílio à guerra, e levem esta resolução aos governos em mensagem escrita e que enviem a resposta que obtiverem.
“Espero receber milhares de respostas ao meu apelo, pedindo que sejam endereçadas ao Bureau Central da Internacional de Resistência à Guerra, 11, Abbey Road. Enfield (Middlessex), Inglaterra.
“A fim de que seja levada a bom termo a nossa campanha autorizei a criação da ‘Caixa Resistente à Guerra’. Qualquer contribuição deverá ser enviada a tesouraria da Internacional. Albert Einstein.”
Concluo rogando a Deus e seus mensageiros nos auxiliem nesta cruzada.
Cairbar.
junho | 2018
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