Quanto por cento?
Cláudio Viana Silveira |
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Tudo o que temos realizado nas alternância entre a vida espiritual e a material é a perseguição de uma meta.
“(...) As virtudes do Cristo [são] progressivas em cada um de nós. Daí a razão de a graça divina ocupar a existência humana ou crescer dentro dela, à medida que os dons de Jesus, incipientes, reduzidos, regulares ou enormes nela se possam expressar.” (Emmanuel).
Mesclando o profano ao sagrado numa época em que aqueles discutem seus percentuais de “anjo e vagabundo”; e sem imiscuir-nos em tais catalogações, consideramos aqui tão somente as classificações sagradas ou quanto por cento os dons de Jesus já possam em nós expressar-se.
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Atribuindo para incipientes, reduzidos, regulares ou enormes valores relativos que variam entre 0, 25, 50 e 75%, respectivamente, é possível avaliar o quanto já estamos engajados aos dons desse Mestre, que não só anunciou seus postulados amorosos, mas praticou-os e nos convocou – a todos! – a que o seguíssemos, e a partir de simples e ignorantes e convocados, perseguíssemos os percentuais maiores de nossa transformação.
Tudo o que temos realizado nos possíveis milênios de nossas alternâncias entre a vida espiritual e corpos de carne adequados a novas experiências é, sem dúvidas, a perseguição de uma meta: expressar em nossa vida, parcelada pelas revivências, os sagrados dons desse Mestre e Governador que esteve a nos inspirar antes da manjedoura, através dos profetas antigos; “pessoalmente”, durante sua encarnação missionária, e novamente em espírito e em verdade, após o Gólgota, através de todos os novos profetas e com o advento dele próprio, o Espírito de Verdade.
É incessante a busca de um percentual satisfatório, ou índices de evolução dos indivíduos. Se nalguns ele ainda se mostra incipiente ou reduzido, noutros se mostrará regular ou enorme, pois possuem as criaturas a liberdade de evoluir lenta ou rapidamente.
“Pois que tem a liberdade de pensar, tem também o homem a liberdade de obrar”, elucida a questão 841 de O Livro dos Espíritos, lembrando-nos que a alma imortal, espírito milenar, não só nestes dois milênios de Cristianismo, mas possivelmente antes do Cristo encarnado, sempre se digladiou na consciência entre o bem e o mal ou, entre estes dois, pensou e obrou dentro de infinitas possibilidades, ora avançando mais ou menos rapidamente, ora estacionando, pois que entre o bem e o mal está o meio-bem, suas nuances, o que não nos permite adiantar.
Dessa forma, acumulamos índices e percentuais em nossas idas e vindas. Todas as vezes que atendemos aos apelos do Mestre e pautamos pela liberdade com responsabilidade, damos asas à nossa evolução, pois o livre-arbítrio obrou de forma edificante – ele não deixa de ser obra do pensamento –, o amor ao próximo se fez e a felicidade nos foi oferecida como consequência. Por outro lado, quando nossas obras ficaram reféns de pensamentos fúteis, por conta de arbitragens e preferências equivocadas, o senso de justiça, o amor e a caridade ficaram prejudicados e a infelicidade nos rondou.
Nunca nos faltaram, em nossa peregrinação pelos séculos, os dons do Mestre, pois foi Ele, desde o princípio, o nosso querido Governador designado pelo Pai. Isto não significa, entretanto, que tenhamos desejado usar seus dons em plenitude, gerando-nos, dessa forma, ascensão de incipiente a reduzida.
Quando o muito sem Cristo é pouco e o pouco com Cristo é muito, convém lembrar-nos que esse Mestre amoroso não está a nos pedir nada heroico. Deseja tão somente que operemos exatamente dentro de um potencial evolutivo real: quando a evolução se traduz em bondade, serviço, no importar-nos, os beneficiários dessa evolução não estão alhures, do outro lado da cidade, em bairros distantes. Eles podem estar – e estão – muito próximos a nós. Se muitas vezes a periferia física está distante de nós, “periferias morais” poderão estar ao nosso lado. Portanto, Jesus nos deseja heróis, sim, mas com admiradores na condição de precisados que estejam exatamente dentro de nosso círculo familiar.
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Quanto por cento, então? 25, 50, 75%? O aproveitamento dos dons do Cristo nos revelará o quanto já estamos de posse da graça divina. Que não tenha nossa evolução sobressaltos, pois milênios de velhos cacoetes morais precisam ser corrigidos e lentamente. Emmanuel nos recomenda tomarmos nosso “lado bom” e moldá-lo às perfeições do Mestre, gradualmente e sem intervalos na determinação, para podermos de consciência pura responder à questão, não em números, mas com simplicidade, responsabilidade e honestidade: “Tanto quanto nos foi possível, até agora!”
– XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 25 Nos dos do Cristo, 1ª edição. FEB.
julho | 2016
MATÉRIA DE CAPA
O Clarim – julho/2016
Qual o nosso índice evolutivo? Já alcançamos algum progresso, porém o livre-arbítrio define com qual velocidade continuaremos a avançar.
Lista completa de matérias
Centros espíritas: bases sólidas para estudo
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NOTÍCIAS E EVENTOS – Julho 2016 – O CLARIM
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