Meditar é a atividade mais íntima do ser humano, momento em que nos concentramos, falamos com Deus e sentimos que Ele também fala conosco através da voz silenciosa do coração
Santificação
Arildo Resende de Castro
arildocastro@gmail.com
Santificado, o ser humano é capaz de reunir forças e enfrentar e tolerar tudo, inclusive as mais diferentes humilhações e perseguições injustas
Conforme o livro Vinha de Luz, de Emmanuel e Chico Xavier, a mensagem de João e a história que nos narram os Evangelhos e os livros psicografados, a vida dos Apóstolos do Cristo, após sua partida na cruz, foi de extremo sacrifício para todos eles.
Já prevendo tantos obstáculos, o Cristo pediu ao Pai santificação, pureza de coração, fé e força para cumprirem com dignidade a missão terrena de cada um no trabalho de divulgar o Evangelho, a Boa Nova.
Mas o que é santificação? Representa o despertar das grandes virtudes, das quais todos eles eram portadores, como amor ao próximo, gratidão a Deus, benevolência, bondade e, acima de tudo, fé; tais qualidades os colocariam sempre em harmonia com Deus através da meditação.
Só mesmo quem já leu o livro Paulo e Estêvão poderá avaliar o quanto os Apóstolos sofreram com perseguições de toda ordem, injustas, desonestas e desumanas. Mas graças à santificação que carregavam na alma, nós temos hoje a palavra do Cristo para que possamos analisá-la, meditá-la e vivê-la.
O Cristo foi o primeiro a ser perseguido e sacrificado na cruz, e todos os seus seguidores foram vítimas das mais diferentes perseguições, porém não desistiram nunca, pois traziam firme a fé na mensagem do Mestre.
Interessante é que Jesus não deixou nada por escrito. Todavia, profetizou: eu passarei, mas as minhas palavras não passarão. Disse a seu grupo: ide e pregai o meu Evangelho. Ao se ver preso e prestes a ser crucificado, pediu ao Pai santificação para seus seguidores, porque santificado o ser humano é capaz de reunir forças e enfrentar e tolerar tudo, inclusive as mais diferentes humilhações e perseguições injustas.
Ao reler recentemente o livro Paulo e Estêvão e diante desta lição, sinto como ainda engatinhamos em busca de nosso crescimento espiritual.
Reclamamos de tudo nesta vida, mesmo hoje tendo o amparo da ciência e da tecnologia a nos ajudar. Naquela época dos primeiros cristãos não havia recursos, por mais simples que fossem. As viagens eram a pé, em lombo de jegues ou em barcos a remo. O sacrifício era enorme.
Precisamos meditar a respeito, agradecer e pedir perdão pelas nossas fraquezas.
Meditar é a atividade mais íntima do ser humano, é o momento em que nos concentramos, falamos com Deus e sentimos que Ele também fala conosco através da voz silenciosa do coração. Quando o Cristo ensinou a seus Apóstolos a oração do “Pai Nosso”, não quis nos transformar em declamadores de versos, tampouco rogadores ou pedintes. Ele sabia que através da prece nós nos concentramos e enviamos pensamentos às camadas mais elevadas da espiritualidade, onde se acham os Espíritos mais puros. Era e é seu desejo que nos tornemos partícipes da grande comunhão celestial que reina entre os Espíritos santificados.
É esta santificação que o Cristo pediu aos Apóstolos e através da prece nos ensina como harmonizar nossos sentimentos com essa salutar influência espiritual.
Jesus passou pela Terra como uma seta luminosa, mostrando-nos o caminho a seguir. Ele dizia: eu sou o caminho. Contudo, a sociedade e as religiões pegaram esta seta luminosa e a colocaram no altar. Encantaram-se com o caminho em vez de percorrê-lo.
Ele não pediu para ser adorado. Pediu para ser seguido. Pediu que vivêssemos seus ensinamentos.
Tudo isto exige de nós certos sacrifícios e nem sempre estamos dispostos a nos sacrificar. Infelizmente, esta é a verdade.
Peçamos a Deus santificação para que nos fortaleça no curso de nossa jornada, reclamando menos e trabalhando um pouquinho mais em benefício do próximo, sempre manifestando gratidão a tudo e a todos.
Que possamos cultivar as virtudes e eliminar os defeitos, porque trazemos dentro de nós dois tipos de sentimentos, como se fossem dois cães: um é dócil, sereno, tranquilo, carinhoso; o outro é bravo, violento, ríspido, nervoso. Sempre se manifesta aquele que mais alimentamos.
Peçamos a Deus santificação para que possamos cultivar mais intensamente as nossas virtudes, de forma a eliminar aos poucos os nossos defeitos, as nossas imperfeições, pois este é o verdadeiro sentido da vida: crescer em virtudes, santificando o Espírito com atos dignos da Espiritualidade Maior.
Que Deus, na sua infinita misericórdia, abençoe a todos nós.
outubro | 2021
MATÉRIA DE CAPA
O Clarim – outubro/2021
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