Perdoemos os nossos devedores, senão por amor, por inteligência, para não sofrermos desnecessariamente
Seja inteligente: perdoe!
Dorothy Jungers Abib
abibdorothy@uol.com.br
Como pedir ajuda ao Alto para os nossos males se guardamos mágoa, se não perdoamos?
Modernamente, a ciência médica tem aceitado a influência do sentimento religioso nos processos de cura, com a recomendação de que os médicos procurem conhecer e não contrariar as convicções religiosas dos pacientes, haja visto o número de pesquisas que avaliam exatamente esta questão.
O sentimento religioso produz mais calma, aceitação, coragem e confiança no restabelecimento. O otimismo em relação à cura e ao tratamento é o coadjuvante mais importante com que o médico pode contar.
Nós, os espíritas, já sabíamos disso, pois é do conhecimento de todos a força que o pensamento tem, não apenas em relação à cura, mas diante de qualquer dificuldade que precisemos enfrentar. Sempre ligado ao Alto, o pensamento nos fortalece de tal modo que superamos não só doenças físicas, mas problemas em geral com mais confiança e serenidade.
“O Espiritismo torna felizes os que o conhecem, o compreendem e o praticam.”[1]
Explica-nos que Deus é a inteligência suprema e o criador do Universo e de tudo o que nele existe.
O Espiritismo descortina um mundo novo através do conhecimento da reencarnação, que nos explica as causas das dores físicas e morais e dos compromissos assumidos.
Ainda nos mostra que o inferno e a condenação eterna não existem. O que vigora é a lei da evolução, que nos possibilita, através da reencarnação, nascer quantas vezes forem necessárias para alcançar a perfeição relativa a que estamos destinados.
Ensina-nos e nos possibilita a comunicação com aqueles que amamos e que já partiram, o que nos faz encarar a morte com menos dor, porque sabemos que eles continuam a viver e a amar-nos além desta vida que temos.
E revela ainda a nossa pequenez diante do imenso Universo e dos vários mundos habitados. Não somos mais os únicos seres deste Universo infinito mas, sim, fazemos parte do concerto universal, da sublime melodia executada pelo nosso Pai.
Mas, e o título deste modesto artigo? A que vem?
Explicamo-nos: se vivemos várias existências procurando a evolução e sabemos que as doenças e males que nos afligem fazem ainda parte da nossa inferioridade, por que não usar os recursos de que dispomos e conhecemos para, ligando-nos ao alto, orar e ter saúde e paz?
Aqui topamos com as palavras do nosso Mestre Jesus:
“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estas no caminho com ele...”[2]
Como pedir ajuda ao Alto para os nossos males (nossa oferta ao altar) se guardamos mágoa, se não perdoamos?
“Caso a pessoa decida pelo não perdão, a direção é negativa, sombria, anunciando mais sofrimentos desnecessários.”[3]
Percebemos que toda a força necessária para vencer os sofrimentos físicos ou morais começa pelo perdão. Quando perdoamos, sentimos uma libertação, nosso Espírito parece deixar de lado um peso enorme, sentimo-nos mais leves, respiramos melhor e as doenças e dores são muito mais fáceis de suportar.
Diz o psiquiatra Dr. Augusto Cury: “Quem não perdoa, dorme com o inimigo.” Isto significa que a lembrança do nosso ofensor permanece junto a nós, acarretando-nos um peso insuportável. E é preciso também considerar que, de acordo com a lei da reencarnação, sendo Deus justo, sofremos uma ofensa hoje porque talvez tenhamos ofendido ontem, em outra existência, e precisamos passar por esta experiência para entender como dói a ofensa.
Por isso Jesus, sabiamente, nos ensina no Pai Nosso: “Pai, perdoai as nossas dívidas, como perdoamos aos nossos devedores.”
Concluindo: se quisermos ter saúde, paz, perdoemos os nossos devedores, senão por amor, por inteligência, para não sofrermos desnecessariamente.
Que Deus nos dê forças para considerarmos o perdão como o elemento mais importante da nossa felicidade. E falamos também do autoperdão, sem o qual o perdão das ofensas não é possível, pois a capacidade de perdoar começa em nós, quando aprendemos a nos perdoar.
- KARDEC, Allan. Revista Espírita. Novembro de 1861.
- A Bíblia Sagrada. Sociedade Bíblica Trinitariana. Mt., 5:23–25.
- ALMEIDA, Alberto. O perdão como caminho. Fortaleza: Ed. Premius, 2012. p. 134.
fevereiro | 2021
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