Sonhos, desafios e felicidades
Paulo Hayashi Jr.
paulo.hayashi@hotmail.com
A alegria não é uma conquista externa, mas de satisfação íntima consigo mesmo
O poeta Vicente de Carvalho (1866–1924) exprimiu a dificuldade de se alcançar a árvore da felicidade. Não pela inexistência dela, mas porque “está sempre apenas onde a pomos e nunca a pomos onde estamos”. Os desencontros de tempo e lugar fazem com que se procure em outras localidades ou que se desista sem lutar.
Mas, não seria a felicidade a capacidade de realizar o que a vida nos oferece como as oportunidades, favoráveis ou não, de conquista? Representa o aqui e o agora, com sacrifícios e esforços de aprimoramento por meio da coragem, do trabalho disciplinado e do testemunho da fé. E quanto mais difícil, mais doce a recompensa.
Assim, nem sempre a dor ou as situações problemáticas são ruins por natureza. Por trás dessa aparência podem vir as lições preciosas que nos enriquecem de forma definitiva. Não o ganho rápido e passageiro, mas conquista para toda a vida.
É imprescindível que aprendamos a ressignificar a dor, a ter resiliência e a olhar pela perspectiva afirmativa daquilo que acontece, em um primeiro momento, de forma assustadora e desagradável. A alegria não é uma conquista externa, mas de satisfação íntima consigo mesmo. E apenas com a colocação da casa mental e do coração em ordem é que se pode ser feliz — ou pelo menos ir em direção à felicidade.
A existência é uma grande escola e as lições mais avançadas vêm para os alunos adiantados. Quem sabe conter seus medos e avançar sobre suas imperfeições consegue, nas corrigendas do destino, a polidez necessária para seguir adiante. O que seriam das esculturas de Michelangelo sem o cinzel que burila, o martelo que rompe os blocos de imperfeições ou as lixas que dão o acabamento final?
Assim, estamos sempre onde deveríamos estar e com as pessoas e desafios certos. São estes indivíduos e situações os quais, se bem atendidos aos olhos de Deus, podem gerar o progresso e o avanço definitivo sobre as imperfeições. A felicidade maior é aquela que vem através de esforços e medidas que nos auxiliam na renovação íntima e no crescimento pessoal. É a aflição que se recompensa no final (Mateus, 5:4). Não uma vida improdutiva ou de faz de conta, mas uma existência que conta e que, quando não mais estivermos aqui, os outros sentirão a nossa falta. Além disso, de enfrentamento dos desafios que tragam o aplauso da própria consciência.
Falando em consciência, não seria ela legítimo altar pessoal onde são passadas a juízo as nossas ações e atitudes para com Deus e o próximo? Por isso, Pitágoras, matemático e filósofo grego, pedia aos seus discípulos que realizassem em todo final de dia a seguinte reflexão: “Que fiz hoje? Que fiz de mal? Terei eu feito o que devia?”
Ação e reflexão são os filtros pelos quais a vida consciente e digna se levanta. Neste sentido, contentamento não é uma condição apática de ganhos sem conquistas, ou de qualquer modo, mas de vitórias nobres sobre desafios pertinentes. De agir com conhecimento e sentimentos em vistas da melhoria para todos. De ajustar a vida não para seu ego e vaidade, mas para as obras benéficas e feitas com caridade que progridem o mundo. É o alinhamento da consciência e das ações para sentir-se bem consigo mesmo e de modo a inspirar os demais no caminho justo e necessário para a sublime ascensão. O Universo como um autêntico jardim de luz, amor e vida.
Estar de bem com a própria missão pessoal é o caminho seguro para a felicidade pessoal e transcendente em direção a Deus. A consciência como o tempo e o lugar das bem-aventuranças.
dezembro | 2022
MATÉRIA DE CAPA
O Clarim – dezembro/2022
A existência é uma grande escola e as lições progressivas
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