Agosto | 2021

As conquistas positivas de nossa personalidade eterna nunca se perdem

Abrindo a mente, evoluindo o ser

Wagner Freitas Correia

wagnerfcorreia@gmail.com

A percepção do cérebro, e o consequente acesso a novos e significativos voos da mente humana, está associada às necessidades espirituais oriundas do livre-arbítrio

 

Um dos objetivos do Espiritismo, como Consolador Prometido pelo Mestre Jesus, é o de ser o principal instrumento para que, através de seus conceitos, venhamos a ter uma melhor compreensão da amplitude imensurável e ainda desconhecida pela humanidade da capacidade realizadora da mente.

Evidente que a constituição estrutural do cérebro, o agente responsável por sua manifestação no plano físico, enquanto encarnados estivermos, limita, e em muito, que venhamos a dela nos utilizar de forma plena e sem obstáculos.

Essa limitação nada mais é que decorrência daquilo que fizemos ou não em prol de nossa jornada evolutiva como individualidade eterna, não sendo assim o cérebro o responsável pela restrição de nossa capacidade e, sim, o uso indevido que ainda comumente fazemos do nosso livre-arbítrio.

Se acostumados estamos em afundar-nos em erros e vícios, supervalorizando as conquistas inferiores vinculadas ao orgulho, ao egoísmo, à vaidade, à sexualidade desregrada, à usura e à cobiça, normatiza-se que em próximas experiências físicas venhamos mais focados em resgates, provas e expiações, visando mais a corrigir defeitos e ressarcir débitos contraídos, do que focar em novas conquistas e aprendizados.

Assim, o cérebro físico continuará sendo proporcional na expansão do fator liberdade de atuação da mente, ao que tivermos como dever realizar ainda no campo da inferioridade de sentimentos, limitando nossa percepção, e consequentemente, o acesso a novos e significativos voos que a mente humana está apta a realizar.

Tenhamos como exemplo prático a extensa e rica literatura espírita. Ela nos traz inúmeros relatos do poder espiritual que vários tarefeiros possuem através do domínio que a mente — a essência espiritual de cada um — tem sobre o perispírito, moldando e utilizando-se das energias que os compõem de forma plena e abrangente, no que tange à comunicação, à locomoção, a forjar a própria vestimenta, a avaliar a condição espiritual presente e pretérita de Espíritos sob suas análises e cuidados.

Esse corpo espiritual, com todas as suas particularidades, a maioria delas desconhecida pela humanidade terrestre, também é utilizado nos intercâmbios mediúnicos em todas as suas modalidades, desde as mais simples comunicações entre Espírito comunicante e médium, até a cura e o tratamento através do passe, assim como em inúmeras materializações ou transportes de objetos sólidos de um ambiente para outro.

Não só ainda desconhecemos todas as ações que podem ser realizadas por nosso corpo espiritual, estejamos nós encarnados ou desencarnados, como também longe estamos de ter total domínio e conhecer todo o poder de realização que nossa mente possui. Isso nos mantém ainda nos primeiros degraus da evolução humana, arrastando junto o nosso planeta, que sofre com nossos desmandos na categoria inferior das provas e expiações.

O Espiritismo, com seus conceitos e preceitos, desta forma, tem um objetivo muito mais abrangente do que simplesmente provar a continuidade da vida após a morte física, ou alertar-nos para a lei de causa e efeito. Ele nos leva a buscar e conhecer todo o potencial criativo e realizador que possuímos e está guardado em nosso ser.

Todos os pretensos milagres de Jesus foram devidamente explicados racionalmente no estudo das obras da codificação, principalmente em O Evangelho segundo o Espiritismo e em A Gênese, ambas de Allan Kardec. Tudo que o Mestre realizou, nós também, com muito esforço e trabalho pleno em nossa transformação espiritual para o bem, poderemos vir no futuro a realizar, conquistando um maior domínio sobre nossa mente, sobre nossa vontade, na manipulação das forças e das energias que a Natureza nos proporciona.

O domínio sobre a mente, no futuro, nos proporcionará um controle pleno sobre os corpos físico e espiritual enquanto encarnados. Não mais estaremos sujeitos a inúmeras adversidades, como fome, doença, cansaço, desencarne prematuro, entre tantas outras.

Tudo é uma questão de tempo e do uso que dele fizermos. Quais serão nossas prioridades, nossos desejos, nossos objetivos. É certo, entretanto, que quanto mais nos aproximarmos do modelo cristão de sentimentos e postura, e do modelo espírita, do estudo sério e perseverante, mais próximos estaremos de conhecer a nós mesmos, tornando mais ampla nossa capacidade realizadora, tanto individual quanto coletivamente.

Uma mente forte e dinâmica, que sabe o que quer e busca de forma obstinada superar desafios e alcançar objetivos, traz ao Espírito eterno infinitas possibilidades de crescimento e evolução. Os maiores fatores impeditivos de avanço individual, estejamos nós encarnados ou desencarnados, são o medo, a dúvida, a indecisão, a preguiça, o comodismo, entre outras posturas que nos prendem à negatividade de sentimentos.

Podemos observar na história humana, ou até mesmo ao nosso redor, em inúmeros exemplos diários, homens e mulheres que se sobressaem por suas atitudes de liderança, por seu arrojo, por seu destemor, por sua inteligência, por sua força de vontade. Eles causam inveja e admiração, servindo de exemplos. Muitos atingem status de ídolos, de efetivos formadores de opinião, tudo devido à coragem com que enfrentam a vida e as situações que surgem ou são, como na maioria das vezes, por eles mesmos geradas na busca incansável por atingir seus objetivos.

Entretanto, se falarmos exclusivamente da evolução espiritual infinita, esbarraremos no que eles elegem uma prioridade, uma necessidade, um ideal a ser alcançado, algo que os motiva no íntimo do ser para assim agirem.

Para se ter uma ideia do que desejamos abordar, basta dizer que o umbral, as zonas inferiores, as mais densas trevas que envolvem a espiritualidade do nosso planeta, são dominadas por mentes poderosíssimas, por sumidades intelectuais, por Espíritos fortes e destemidos, mas que, infelizmente, por livre-arbítrio, e levados por inúmeras e variáveis situações, se deixaram dominar por instintos e sentimentos negativos, por vícios e degradantes paixões.

É necessário compreender que, por mais que tenhamos força, capacidade e determinação para avançar, o principal é ater-nos à direção que caminhamos, se estamos, de fato, aproximando-nos ou ainda mais afastando-nos daquele que deve ser nosso objetivo maior. Este objetivo não deve ser o determinado por nossa incapacidade perceptiva atual, mas aquele para o qual fomos criados, e que de forma imperceptível e irresistível, nos atrai à perfeição!

Em nossa teimosia e forçada ignorância, poderemos alegar que desconhecemos qual o verdadeiro caminho que nos levará a esta natural evolução. Porém, é inegável que ao longo da história da humanidade inúmeros foram aqueles que vieram nos avisar e orientar, como arautos e discípulos da verdade, e que apenas o nosso orgulho e o nosso egoísmo nos impediram, até hoje, de admitir qual é o caminho. Uma dessas personalidades, a maior e mais clara em seus ensinamentos e exemplos, foi nosso mestre Jesus Cristo, por definição o Caminho, a Verdade e a Vida.

Desta forma, valorosos Espíritos que conquistaram para si postura e força para avançar e evoluir, precisam conscientizar-se de que, ao agir em desacordo com os ensinamentos do Mestre, baseando suas prioridades em conquistas e vitórias efêmeras, estarão na verdade afastando-se cada vez mais do destino maior. Como consequência, no futuro, como o caminho é único, terão de dispor de proporcional tempo e energia para o percurso de volta, com a mesma distância a vencer.

Todavia, há um agravante: o caminho do mal se apresenta por uma florida e atraente descida, enquanto o do bem por uma íngreme subida, com inúmeros obstáculos e desafios a superar. Como o Evangelho nos ensina: a porta é estreita, mas, indubitavelmente, vale a pena todo o esforço para transpô-la!

As conquistas positivas de nossa personalidade eterna nunca se perdem, o que quer dizer que a coragem, a determinação, a disciplina, a intelectualidade, a perspicácia, o discernimento, os poderes de decisão e ação estarão presentes quando do retorno do Espírito culpado ao seu caminho de ascensão. Provavelmente o farão avançar muito mais rápido, por mais que se tenham afundado e chafurdado no erro, do que aqueles indecisos e morosos que se acomodam em suas zonas de conforto, nem muito maus nem muitos bons, e que não se preocupam em corrigir erros ou buscar novos aprendizados. São Espíritos medianos e estacionários, presos ao imediatismo e à indevida prudência, enganando a si mesmos quanto a seus ideais e objetivos.

Tudo na vida é equilíbrio. Aprendamos a ter a determinação dos mais positivistas Espíritos da nossa humanidade terrestre e, ao mesmo tempo, a mesma humildade, o mesmo amor que os mais doces e puros corações das pessoas de bem.

Que assim seja!

agosto | 2021

MATÉRIA DE CAPA

RIE – agosto/2021

O pleno potencial criativo e realizador da mente está guardado no próprio ser

Lista completa de matérias

 Estímulos bons e maus

 Carta ao leitor – agosto/2021

 Passando recibo

 A literatura espírita é lógica e consoladora – Entrevista com Denise Lino

 Males que vêm para o bem

 Abrindo a mente, evoluindo o ser

 Exploração da mediunidade

 O imperioso convite da fé

 Aspectos do Livro Terceiro de “O Livro dos Espíritos”

 Espiritismo ou kardecismo?

 Sem partilha, não há futuro!

 Os párias sociais e o egoísmo

 Herói sem exército

 Evoluindo com os filhos

 A difícil separação

 O Jardim do Éden

 50 anos do “Pinga-Fogo”: a superação de temas polêmicos na atualidade

 O exercício mediúnico e o uso de medicamentos (2ª parte)

 O olhar espírita dos fatos

 Prova insofismável

 A não sacralidade do conhecimento espírita

 Manifestações dos Espíritos no Novo Testamento

 A caixa de Pandora

 Gamificação na educação espírita