Agosto | 2019

Casamentos na Terra e uniões infelizes

Warwick Mota |

warwick.mota@gmail.com

Quais as razões de tantos desencontros?

 

Vamos falar sobre as uniões afetivas na Terra. Atualmente, multiplicam-se as notícias de histórias e mais histórias de casamentos que se desfizeram por motivos fúteis, questões banais e, por outro lado, lamentavelmente, vemos pessoas consorciarem-se buscando nas uniões, equivocadamente, a solução para problemas pessoais.

Quando vemos almas em diferentes graus de evolução moral unidas em compromissos de muito sofrimento, surge-nos, num átimo, o questionamento, tão natural: por que tantos desencontros?

Examinando de maneira mais detida a questão, vamos perceber que na Terra há variados tipos de uniões. Martins Peralva, na obra Estudando a mediunidade, de maneira muito didática[1], ensina a identificar as uniões terrenas como: acidentais, provacionais, sacrificiais, afins ou transcendentes.

 

Uniões acidentais

A união acidental é aquela que se dá mesmo por acaso. É a paixão fulminante que, na verdade, camufla incontido impulso sexual.

Muitas vezes levadas pelo instinto as pessoas se unem, gerando compromissos sérios para ambas, especialmente quando trazem ao mundo uma terceira pessoa: um filho.

Esta é uma união acidentada mesmo. Após o “enfim sós”, no momento em que principia a convivência, as pessoas logo percebem que escolheram mal o parceiro.

Joanna de Ângelis, ao examinar a questão dos encontros baseados somente na satisfação dos apetites ainda animalizados que o ser humano carrega, explica que o “sexo, em si mesmo, sem os condimentos do amor, é impulso violento e fugaz”[2]. E, porque fugaz, o sexo desvinculado do compromisso afetivo torna também as relações, em que ele se impõe como causa primeira, quase insustentáveis na esteira do tempo.

Se o compromisso foi instituído a partir desse molde, da busca de sensações, então as pessoas se ligam pela mesma vibração num acumpliciamento que se traduz na mera associação de energias. Aí reside, com altíssima probabilidade, a infelicidade de ambos os cônjuges, que se buscaram apenas para satisfazer sensações corpóreas.

Não obstante ser, literalmente, um acidente de percursos, a união acidental também gera vínculos, porque o objetivo da humanidade é crescer como família universal, e é no cadinho da convivência que aprendemos e evoluímos.

Vejamos que, de tudo, a Providência Divina tira um bem. Se a união foi um acidente, ainda assim, na usina das relações, encontramos oportunidade de exercitarmos as virtudes, examinarmos comportamentos e, com o aprendizado oriundo do erro perpetrado, podemos ir diminuindo os vícios morais e aprendendo a nos conhecer, analisando nosso comportamento e atitudes.

 

Uniões provacionais

Então temos os casamentos provacionais. Estes são um convite ao reajuste.

Durante nossa caminhada evolutiva cometemos variados tipos de erros, vitimando pessoas com o nosso egoísmo, com o nosso orgulho, com a nossa conduta mal intencionada. Por essa razão voltam a conviver conosco companheiros de jornada, na condição de cônjuges, em uniões provacionais, para o necessário ajuste de contas.

Nossos equívocos geram consequências na vida das outras pessoas e precisamos, para estarmos quites com a própria consciência, resgatar os erros e – por que não dizer – os crimes do passado, numa célula abençoada chamada família.

A família é o laboratório por excelência para aprimorar nosso comportamento, resgatando, pela via do amor, o mal que porventura tenhamos cometido contra o próximo.

Os casamentos provacionais são, em nosso estágio evolutivo, os que superabundam na sociedade. Sem dúvida, são a tipologia em maior escala. Tudo está em xeque: a impaciência, o descuido, a deseducação, o desmazelo com a relação. Tudo precisa ser visto e tratado no dia a dia.

Pensemos que, se o outro nos parece insuportável, talvez nós também não sejamos, na realidade, exatamente como a outra pessoa sonhou ou desejou...

 

Uniões sacrificais

Há também o casamento sacrificial.

Representa a instância de reencontro entre uma alma iluminada e outra, alma ainda inferiorizada, em que a mais avançada tem o ensejo de impulsionar a redenção da que ficou para trás na caminhada evolutiva. É que, na trajetória espiritual de ambos, enquanto um se perdeu pelo caminho, o outro evoluiu.

Em muitos lares testemunhamos esse tipo de relação. São aqueles casos de esposas meigas, verdadeiras flores, ao lado de maridos afetivamente secos. Ou de homens que são esposos e pais absolutos, suportando mulheres que não conseguem conter-se ou equilibrar-se em nenhuma situação.

 

Uniões afins

E aí temos os casamentos afins, que representa o reencontro de corações amigos, para a consolidação dos afetos.

São uniões harmônicas.

Casamentos afins ocorrem com almas que vêm de longa data desenvolvendo um trabalho espiritual.

 

Uniões transcendentes

E, por fim, saltam aos olhos as uniões transcendentes.

Raríssimas num planeta como o nosso, ocorrem quando duas almas, em alto patamar evolutivo, retornam juntas para, lado a lado, cumprirem grandes missões.

***

Então sabemos que, até mesmo no caso dos casamentos acidentais, os espíritos assumem um compromisso, a partir da união oficializada, e, daí em diante, haverão de encontrar-se e buscar, em diferentes papéis, sua caminhada evolutiva.

Podemos perceber que toda relação humana traz uma oportunidade de crescimento, que pode ser bem aproveitada para o desenvolvimento afetivo.

Há pessoas que tentam, em diversas uniões, encontrar a pessoa certa, quando, na verdade, elas mesmas é que deveriam trabalhar-se, burilando as próprias imperfeições para, com quem estiverem, serem, sim, em uniões duradouras, as pessoas, senão certas, ao menos acertadas.

Todo relacionamento estável –não importando se veio de forma acidental, provacional, se exige sacrifício ou se é harmônico e belo – precisa ser adubado por ambos os cônjuges cotidianamente. A conquista do dia a dia e o cuidado permanente com a relação é que vão proporcionar o crescimento do respeito e do amor, em sua concepção mais abrangente.

 

  1. PERALVA, M. apud MONTEIRO, G. Confira se seu casamento é provacional. Disponível em http://www.correioespirita.org.br/categoria-de-materias/artigos-diversos/1366-confira-se-seu-casamento-e-provacional-ou. Acesso em 21 de fevereiro de 2016.
  2. FRANCO, D. Amor, imbatível amor. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 16. ed. p.26. Salvador: Leal, 2013 (Série Psicológica, vol. 9).

setembro | 2016

MATÉRIA DE CAPA

RIE – setembro/2016

A união conjugal é oportunidade valiosa de crescimento para o casal, mas o egoísmo e a falta de sintonia acabam…

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 Casamentos e uniões infelizes – CARTA AO LEITOR – Setembro 2016

 A olimpíada sem data

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 Amor, ética e energia sexual

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