ChatGPT na infância espírita?

Martha Rios Guimarães

marthinharg@yahoo.com.br

Um dos assuntos mais comentados nos últimos tempos, o ChatGPT é um assistente virtual inteligente com inteligência artificial (IA), no formato chatbot on-line, desenvolvido pela OpenAI, empresa fundada por Elon Musk. O empresário está envolvido em muitas áreas de atuação e, em todas elas, tecnologias inovadoras estão presentes.

De forma resumida, o ChatGPT pode ser definido como um modelo de linguagem avançado capaz de responder a uma grande variedade de perguntas.

Ainda que a IA não seja novidade, o fato é que esta, especificamente, vem demonstrando grande superioridade quando comparada às demais. Tanto que, quase sempre, oferece respostas relevantes a quem realiza uma pesquisa em um dos cinco idiomas que ela é capaz de entender — português, inglês, espanhol, francês e alemão.

Tudo isso porque possui uma arquitetura sofisticada e é treinada com gigantesco volume de dados — segundo seus criadores, a versão anterior da IA possuía 175 bilhões de parâmetros, mas esse número foi ampliado na versão atual, que está em interação com o público desde o final de 2022.

Inteligências artificiais, como o ChatGPT, são tão impressionantes que são capazes de produzir textos em geral, incluindo artigos, notícias, respostas automáticas etc. Outras também conseguem produzir, imagens, gráficos e até infográficos. Aliás, se você viu uma imagem do Papa Francisco vestindo um casaco branco fashion, saiba que ele não substituiu a batina por uma peça mais estilosa e moderna. A imagem foi criada pelo aplicativo Midjourney, que usa IA para criar imagens a partir de comandos de texto enviados pelo usuário.

Com tanto potencial, as inovadoras inteligências artificiais trouxeram à tona, uma vez mais, a velha discussão sobre a possibilidade de o ser humano ser substituído pela máquina, bem como questões éticas do uso das ferramentas.

Como comunicadora e profissional que vive da produção de textos, há algum tempo venho olhado a ferramenta para tentar descobrir se ela pode substituir a escrita do ser humano. E a conclusão a que cheguei foi: depende! Se a ideia é ter um texto básico, sem grande qualidade, sim, até é possível. Mas quem deseja um texto bem escrito, com um estilo redacional, o ChatGPT não consegue entregar.

Isso porque há muita repetição de palavras e expressões e, para quem está acostumado a lidar com a palavra em seu dia a dia, a falta de estilo também é notada.

Além disso, temos de lembrar que se trata de uma tecnologia. Como tal, ela não tem capacidade de discernir ou de ter emoção. O que ela faz é consultar sua imensa base de dados para pesquisar e, a partir daí, elaborar uma resposta à solicitação — que, inclusive, pode oferecer erros.

Aliás, outro ponto interessante a ser lembrado: a informação solicitada deve ser bem elaborada para gerar respostas de qualidade.

Dito tudo isso sobre a IA, vamos ao que interessa a esta coluna em especial: o ChatGPT pode fazer o trabalho do educador espírita?

Não, porque essa atividade requer a sensibilidade do tarefeiro para definir os temas, bem como elaborar aulas de qualidade que coloquem o ensinamento espírita ao alcance da turma.

Contudo, ela pode servir de ferramenta para que o educador espírita pesquise sobre o assunto desejado e, assim, possa obter insights para a atividade ficar mais atrativa. Por exemplo: descobrir uma história em quadrinhos diferente, obter a biografia de um vulto espírita, a imagem de Paris no ano de lançamento de O Livro dos Espíritos ou da prancheta de bico usada no início das reuniões espíritas.

Claro que, sendo bem usada, essa tecnologia pode ser mais um recurso tecnológico para apoiar os tarefeiros da área — e de todas as demais. No entanto, o ChatGPT jamais poderá substituí-los na hora de pensar o que é melhor para os menores, elaborar a aula mais adequada para cada turma e avaliar o resultado.

Esse olhar crítico e, ao mesmo tempo, amoroso, ainda é uma exclusividade do ser humano. E faz toda a diferença para um trabalho de qualidade!

E vá se preparando porque está vindo aí o AutoGPT, uma IA capaz de responder suas próprias perguntas — mas esse assunto fica para outra oportunidade.

 

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