Como nos faz falta a verdadeira fé!
Fabio Alessio Romano Dionisi |
fabiodionisi@terra.com.br
Nós podemos até crer, mas, na verdade, não sabemos de fato.
Caros leitores, estava a realizar algumas reflexões nestes últimos dias a respeito do porquê temos tanta dificuldade em empreender a nossa evolução espiritual. Todos aqueles que tiveram algum contato com os ensinamentos do Verbo Encarnado, como é o nosso caso, e principalmente a dos espíritas, conhecem exatamente qual é o caminho a ser seguido.
Por que então, perguntava-me outro dia, temos tanta dificuldade para realizar a reforma íntima e acelerar o voo em direção às paragens mais felizes, prometidas pelo Nosso Senhor Jesus Cristo, para quem fizesse a vontade do Pai.
Devo confessar que a indignação maior era comigo mesmo, embora saiba que esse é o padrão da esmagadora maioria dos nossos irmãos em Cristo.
Jesus sintetizou de forma tão clara que o único caminho aos Reinos dos Céus está no atendimento de dois mandamentos, similares entre si: “Amarás o Senhor teu de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contêm toda a Lei e os profetas” (Mt., 22:34-40).
Aqui, cabe uma digressão. Sempre fico muito impressionado com a última frase: “Estes dois mandamentos contêm toda a Lei e os profetas”. Ela é de singular importância, pois define que contêm toda a Lei Divina, aquela transmitida por Jesus à Moisés (Os Dez Mandamentos), e o que os grandes profetas receberam da espiritualidade de escol.
Tudo o que deve ser seguido para a nossa evolução espiritual e ascensão aos Mundos Superiores. O amemo-nos, como Jesus nos amou.
E, esclarecendo o que era o amor ao próximo, Ele ensinou: “Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas” (Mt, 7:12), ou em Lucas: “Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem” (Lu, 6:31). O que também implica em: “não faças aos outros o que não desejas que te façam”.
A prática pura da caridade, para com os outros e para conosco: “Amar ao próximo como a si mesmo; fazer aos outros como queríamos que nos fizesse”[1].
Paulo de Tarso, o grande Apóstolo dos Gentios, arremata, após empreender suas batalhas interiores (e vencê-las!), que a maior das virtudes é a caridade, também traduzida pela palavra “amor”, em muitas versões idôneas de sua monumental 1ª Epístola aos Coríntios, em 13:1-7 e 13:13.
“Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. E, quando houvesse distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria.
“A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.
“Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade.”
De nada valem as atitudes e ações do homem, na tentativa de engendrar seu engrandecimento espiritual, se não estiverem alicerçadas pela genuína vontade de fazer a caridade, virtude-irmã do amor.
Se isso foi dito de forma tão cristalina e sem rodeios, se nenhum cristão desconhece qual é o único caminho para a verdadeira vida, porque insistimos, empacados, em não o empreender? O que nos bloqueia esta caminhada, de forma mais resoluta, como Jesus, o Cristo de Deus, a realizou?
Minha leitura após a introspecção dos últimos dias é de que só pode ser falta de fé. Nós podemos até crer, mas, na verdade, não sabemos de fato.
Explico-me melhor: a verdadeira fé é aquela que é baseada no saber e não no simples acreditar. No “eu acredito porque sei que é assim”, e não no “acredito porque me disseram ou estava escrito”.
Durante minhas reflexões, explorei outras razões para este bloqueio. Como homem-espírita, perguntei-me se não era por dispormos de todo o tempo de mundo, para realizar a caminhada, uma vez que somos imortais? A isso objetei que ninguém, em sã consciência, com conhecimento de fato, postergaria o término de seus sofrimentos um til sequer.
Como homem-mente, questionei-me sobre possíveis limitações interiores, desconhecidas, que nos inviabilizam a realização de um esforço maior? Estaríamos, estruturalmente falando, preparados para isso, considerando o nosso estágio atual evolutivo? E sobre a capacidade de nossa psique acompanhar saudavelmente esta dicotomia entre o querer (parecer, fingir, etc.) e o ser? De fato, de acordo com os estudiosos da mente, acabaríamos num hospital psiquiátrico se passássemos a agir como “santos” sem sê-los, uma vez que a nossa psique não está ainda capacitada para lidar com isso. Assim como a natureza não dá saltos, todas as coisas se desenvolvem no seu tempo e passo correto. Não adianta forçar a marcha; mas, também, da mesma forma como ela, não podemos estagnar. Contudo, é o que fazemos. Por quê? Continua a questão.
Como homem-matéria, influenciado por este mundo físico, onde nossas vibrações são desaceleradas com as atrações inerentes que o mundo material exerce sobre nós, não seria esta a limitação determinante? Obviamente que não, se considerarmos os feitos de muitos dos nossos irmãos que por aqui passaram, e conseguiram realizar essa escalada muito melhor do que a estamos realizando. E, no final, voltaríamos a primeira reflexão: quem, em sã consciência, com conhecimento de fato, postergaria o término de seus sofrimentos um til sequer?
E nem pensar justificar como sendo acomodação, preguiça. Pessoas normais não são masoquistas, embora me pareça que assim nos comportamos muitas vezes.
Enfim, qualquer que seja a reflexão, sempre caí na questão de como nos faz falta a verdadeira fé. Se ela fosse realmente verdadeira, nada nos deteria. Não é o que fazemos com a fé humana, quando estamos certos de conseguir implantar um determinado empreendimento? Não nos atiramos de corpo e alma em sua execução? Nada nos detêm, nada é empecilho; devotamos todo o nosso esforço e tempo até a sua conclusão. Pode até demorar mais do que o previsto, mas uma vez traçada a meta, corremos atrás dela, e como corremos!
Se tivéssemos realmente uma fé genuína, agiríamos como os primeiros cristãos que se deixavam trucidar, nas arenas romanas, cantando hosanas de louvar a Deus, por havê-los feitos conhecer o caminho, a verdade e a verdadeira vida.
Não estamos mais em tempos de testemunhos físicos tão contundentes, e isso torna mais paradoxal nossa atitude, ao não atender ao chamado.
Pelo menos da minha parte, cheguei à conclusão de que urge fortalecer a minha fé, para ser mais rápido em minha caminhada. Conquistar a fé capaz de mover as “montanhas dos vícios” do meu ser.
Fiquemos todos na PAZ que o Cristo de Deus nos deixou!
- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 64. ed., pág. 146. São Paulo: Lake, 2007.
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