Espíritas professos
Walkiria Lúcia de Araújo Cavalcante |
walkiria.wlac@yahoo.com.br
Não basta dizer-se espírita, é preciso sê-lo.
“Essa qualificação [espíritas professos], repousando sobre uma base precisa e definida, não dá lugar a nenhum equívoco, permite aos adeptos que professem os mesmos princípios e caminhem no mesmo caminho, se reconhecerem sem outra formalidade senão a declaração de sua qualidade, e, havendo necessidade, a produção de seu título. Uma reunião composta de espíritas professos, será necessariamente tão homogenia quanto o comporta a Humanidade.”[1]
Parafraseando O Evangelho Segundo o Espiritismo: Não basta dizer-se espírita, é preciso sê-lo. O nobre Codificador trazia esta preocupação desde o princípio, pois sabia que entre os adeptos do Espiritismo se encontrariam também aqueles que desejariam conspurcar seus princípios e aqueles que, mesmo adeptos da informação espírita, não estariam dispostos à compreensão da mensagem.
Um dia, o ser humano já cansado de trilhar por caminhos já conhecidos, mas que não levam a lugar nenhum, aporta nas fileiras evangélicas do movimento espírita, tendo a porta consciencial batida pelo desejo de um porvir melhor e por saber que o que está vivenciando não corresponde mais às expectativas. Assim, resolve por aprofundar o interesse nesse ou naquele aspecto do movimento.
Com o passar do tempo verifica o sorriso de prazer não material no semblante de quantos estão trabalhando como divulgadores do movimento, sem importar o que fazem. Querem também fazer parte. Querem de alguma forma ter esse prazer e esse sorriso no rosto.
Mas a vida apresenta-se com várias nuanças que cobram um proceder adequado. Família, amigos e sociedade pedem e são aquiescidos em seus desejos, nem sempre de acordo com a mensagem espírita. Por isso, o ser humano embaraça os passos e acaba por prejudicar o próprio avanço evolutivo. Mudando de sintonia, de forma quase imperceptível a princípio, passa a fazer um movimento inverso, sem empregar o esforço necessário para subir e por não conseguir avançar, tenta trazer para baixo os que estão insistindo na boa caminhada.
A reflexão que fazemos não é pela ignorância completa das solicitações, mas para analisarmos o melhor e o mais correto para nós. A evolução é individual e indelegável. As escolhas são pessoais. A relação de afeto não obrigatoriamente nos convida ao melhor, mas àquilo a que estamos sintonizando naquele momento, no que emanamos e absorvemos do que nos circunda.
A medida da nossa crença em algo não é o quanto nos dizemos adeptos, mas como nos comportamos perante esse algo. A titulação de “espíritas professos” nos traz um tratado, mesmo que psicológico, que estamos comprometidos com o bom encaminhamento da Doutrina Espírita. Que o nosso comportamento não irá desabonar aquilo que estamos professando. Que existirá uma homogeneidade de princípios que serão a base que nos conduzirá a todos que estamos vinculados com o mesmo intuito.
Temos em O Livro dos Médiuns um capítulo inteiro dedicado em incutir nos novos adeptos da Doutrina Espírita o desejo pelo estudo e pela compreensão da boa prática espírita. O livro traz um encadeamento lógico, pois primeiro prova a Existência dos Espíritos (capítulo I), depois fala-nos do Maravilhoso e do Sobrenatural (capítulo II) até chegar ao referido item que destrincha os mais variados tipos de criaturas. Começando pelos materialistas, passando pelos mais variados tipos de incrédulos e espíritas.
Gostaríamos de destacar o trecho que fala dos espíritas exaltados (item 28): “O exagero é nocivo em tudo; em Espiritismo, dá uma confiança muito cega e, frequentemente, pueril nas coisas do mundo invisível, e leva a aceitar, muito facilmente e sem controle, o que a reflexão e o exame demonstrariam a absurdidade ou a impossibilidade; mas o entusiasmo não reflete, deslumbra”.
Ser espírita equivale à participação numa maratona, não numa corrida de “tiro curto”. Precisamos trabalhar o fôlego moral para resistirmos às intempéries: o competidor desleal, companheiros de jornada espírita que aqui e acolá acabam por tentar entravar nossos passos; a chuva, as lágrimas que nos lavam a alma e nos coroam os passos, quando compreendemos bem a lição; a pedra no tênis, as dificuldades que nos acompanham por vezes a encarnação inteira e com as quais aprendemos bastante; para que possamos um dia ultrapassar a linha de chegada, momento em que desencarnamos e olhamos para trás, vislumbramos tudo o que fizemos e ganhamos novo fôlego para a próxima etapa.
Reafirmamos que não é um título nem tão pouco a assinatura de aceitação de um estatuto que faz alguém espírita ou não. Mas a partir do momento que nos dizemos espíritas, sendo este o pensamento que gostaríamos de disseminar, honremos esta titulação. “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”[2].
Ser espírita não é fazer parte de um clube (mais um), mas procurar absorver ao máximo as informações trazidas pelos Guias da Humanidade e fazer uma mudança, uma verdadeira revolução no próprio comportamento. Reclamamos, em geral, que o mundo não está como gostaríamos que estivesse, mas somos mundos individuais dentro do grande mundo, chamado Terra. Cada um modificando-se conseguirá contribuir de forma positiva para a transformação do Planeta Terra.
- KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Segunda Parte, VIII – Do Programa das Crenças.
- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XVII, item 4.
março | 2016
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