Agosto | 2019

Na hora da crise

José Luiz Condotta |

jlcondotta@gmail.com

Cada um assimila este momento de acordo com suas experiências, representando um sentimento individual e intransferível.

Quando tudo na vida caminha bem, o sentimento de bem-estar é formidável e muitas vezes nos esquecemos de agradecer Aquele que nos proporciona esse estado de contentamento. Ocorrendo esse esquecimento, estamos de algum modo nos distanciando do Criador. Achamos que esse estado positivo da alma é simplesmente nosso merecimento e todo mérito recai em nós mesmos. Sem dúvida que temos mérito pelo nosso trabalho físico e espiritual na aquisição desse bem-estar, mas como podemos nos esquecer da interseção do Pai? Como nos mostram os ciclos da vida, esse estado feliz pode terminar e poucos se dão conta disso.

A palavra crise, de origem grega, significa ruptura. Assim, por crise podemos entender um fato, situações ou um conjunto deles que atingem uma pessoa, causando-lhe a ruptura do seu equilíbrio psicofísico, emocional e social. Logicamente uma crise pode atingir inúmeras pessoas ao mesmo tempo e cada uma responderá com o seu peculiar desequilíbrio. A crise de uma empresa afeta todos os seus funcionários e cada um responderá a seu modo; a crise conjugal abate o casal e cada um reagirá de uma maneira; cada doente terá a própria atitude frente a sua crise de saúde; os pais assistindo à crise de um filho podem contaminar-se e passar a experimentar o mesmo sofrimento; muitos assimilam e sofrem com a crise política, econômica, ética e moral do nosso país com sentimentos de desesperança e aflição.

Com tudo isto, queremos demonstrar que a crise pode ser pessoal ou coletiva. Pode originar-se de uma condição interna pessoal ou provocada por uma situação externa na qual a pessoa está diretamente inserida. De qualquer maneira, a crise é sentida no íntimo (alma), é individual e intransferível. Ela pode ser rapidamente assimilada, entendida e com tendência a ser mais breve e menos dolorosa; no entanto, às vezes, pode ser duradoura e com muito sofrimento.

A crise é uma fase crítica, difícil, triste e angustiante. Como deveremos passar por ela? Os ensinamentos espíritas trazem magníficas orientações para suportá-la e, quem sabe, se chegar a calmaria.

A primeira orientação nos esclarece que tudo o que precisamos nos momentos difíceis está dentro de nós e apenas devemos deixar fluir as potencialidades das nossas almas, assim como colocamos em ação as potencialidades para aceitar os momentos felizes.

A visão da crise se diferencia em cada pessoa conforme a maturidade espiritual e os conhecimentos adquiridos. Um bom entendimento, discernimento, resignação e fé raciocinadas e esperança são bem-vindos para fortalecer os mecanismos de enfrentamento da crise. Quase sempre se irrompe pelo enfraquecimento dessas defesas, daí as diferenças no modo de cada pessoa reagir frente a ela. Observemos que tais atributos são patrimônios da alma, portanto, a crise deve ser enfrentada e sanada de dentro para fora, independente da sua origem. Com a certeza do poder das nossas almas, ao vislumbrá-lo, podemos mudar o ângulo da visão da crise e iniciar as possíveis saídas para ela.

Devemos entender que nenhuma ansiedade, tristeza e abatimento resolvem os problemas, apenas pioram as situações. Não podemos nos enroscar nos momentos difíceis e tormentosos travando as nossas evoluções. Tenhamos em mente que são aprendizados que alavancam e nos proporcionam o amadurecimento espiritual. Quando ficamos presos a uma crise, ou não a solucionamos de todo, isto se soma a outra, que com certeza virá, e o sofrimento vai ficando cada vez maior. Não podemos culpar ninguém pelas nossas dificuldades, pois são pessoais e não somos vítimas de nada. O que precisamos é tomar conta da crise e não deixarmos que ela tome conta de nós. A vida está e estará repleta delas, portanto, repleta de lições. Muitas vezes são elas que decidem o futuro. “Quando nos encontrarmos em luta intensa, recordamos que o Senhor nos conduziu a semelhante posição de sacrifício, considerando a probabilidade da nossa exaltação, e não nos esqueçamos de que toda crise é fonte sublime de espírito renovador para os que sabem ter esperança.”[1]

Esta pergunta é oportuna: quem não teve ou está tendo uma crise? Todos nós, graças a Deus. Como dissemos a crise nos fortalece, nos ensina novos caminhos, nos dá a consciência da nossa pequenez dentro da natureza e do Universo, nos aproxima mais do nosso Pai, que muitas vezes é esquecido no período entre as crises. Emmanuel[2] nos ensina que “ a peregrinação terrena é curso preparatório para a vida mais completa. (...) O serviço de iluminação da mente, com elevação dos sentimentos e raciocínios, demanda tempo, esforço, paciência e perseverança”.

Caros irmãos, estamos na hora de aprendermos a entender, discernir, suportar e enfrentar as crises. Todos à luta.

 

  1. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo espírito Emmanuel. 1.ed. Brasília: FEB, 2013, p.130.
  2. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo espírito Emmanuel. 1.ed. Brasília: FEB, 2013, p. 205.

agosto | 2017

MATÉRIA DE CAPA

RIE – agosto/2017

Vivemos em constantes provações, e quando passamos por períodos mais críticos, precisamos buscar sempre o equilíbrio e a serenidade.

Lista completa de matérias

 Desistir não é uma opção

 Na hora da crise – CARTA AO LEITOR – Agosto 2017

 O que a reencarnação te diz?

 A paz é uma construção interior

 Denizard e Kardec: dois nomes, um só objetivo

 Liberdade absoluta e liberdade relativa

 Sintonia

 Pentateuco monolítico

 Depressão: quando a alma padece

 As grandes tribulações planetárias

 No caminho para mundo de regeneração

 Os horizontes da vida

 O perdão de Deus

 Fora da caridade não há salvação

 Jésus Gonçalves: a difícil redenção de Alarico I

 Mediunidade, energias e alimentação

 Na hora da crise

 Jesus, os Essênios e nós

 Jesús, los Esenios y nosotros

 NOTÍCIAS E EVENTOS – Agosto 2017 – RIE

 Congresso Espírita da Bahia marca os 160 anos de “O Livro dos Espíritos”

 Rio de Janeiro recebeu MEDNESP 2017

 Hino de gratidão

 O Clarim lança biografia de Chico Xavier

 A sabedoria das crianças

 Baleia azul