
Simplesmente Divaldo
Cássio Leonardo Carrara
cassio@oclarim.com.br
Ponto de Vista
Há pessoas cujo nome, por si, suplanta eventuais títulos, posições hierárquicas, profissões etc., tornando-se sinônimo de seu capital ético-moral, ou seja, sua herança para a posteridade. Desnecessário, pois, o uso de apelativos redutivos para referir-se a elas, como professor, doutor, presidente, excelência, e por aí vai. É assim com Einstein, Chaplin, Shakespeare, Chico Xavier, entre outros. Basta citar o nome — seu título maior — para associá-lo a feitos exemplares.
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Corria o ano de 2015 e eu cumpria tarefa de divulgação da Revista Internacional de Espiritismo (RIE) e do jornal O Clarim em Vitória da Conquista, BA, participando da 62ª Semana Espírita daquela cidade, tradicional e importante evento realizado anualmente no mês de setembro. Como era habitual, montávamos nossa banquinha de assinaturas no espaço dedicado à livraria, convivendo com os congressistas e organizadores e atendendo aqueles que se interessassem em conhecer nossas publicações.
O domingo, dia 13 de setembro, marcava o encerramento da Semana Espírita e a programação da manhã previa sessão de autógrafos com os autores Raul Teixeira, Alberto Almeida, Ana Landi e Divaldo Pereira Franco. Este, logo após, realizaria a sua bem conhecida visualização terapêutica, técnica que consiste em exercícios de meditação que visam influenciar o inconsciente e, consequentemente, o corpo, o comportamento emocional e as reações psíquicas.
Terminados os autógrafos e após breve intervalo, os congressistas rumavam apressadamente para o auditório, que enchia rapidamente. A área da livraria, onde eu estava, esvaziava na mesma velocidade. E, apesar de não transparecer, eu vivia momento de conflito íntimo e tristeza...
Observando o movimento, súbito desejo me veio de acompanhar a visualização terapêutica. Vá — parecia dizer-me uma voz interior. Hesitei por um instante. Vá...
Decidi aceitar aquele convite. Rapidamente organizei meu material e abandonei meu posto, adentrando o auditório.
Não demorou para que Divaldo iniciasse a condução daquela meditação, convidando-nos a fechar os olhos e buscar, em nós mesmos, as respostas às nossas mais profundas aflições. Não vou me arriscar a trazer os detalhes da visualização, mas lembro-me, como se fosse hoje, da incomparável sensação de paz e consolação que experimentei naqueles breves minutos.
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Esta foi a primeira e imediata lembrança que me veio quando soube, na manhã do último dia 14 de maio, do retorno de Divaldo Pereira Franco à pátria espiritual, que ocorrera na noite anterior. Imenso sentimento de gratidão por aquele dia vivido há uma década me invadiu e desejei, humildemente, que ele chegasse em paz à vida imortal.
Aos 98 anos recém-completados, Divaldo deixou marcas indeléveis nos corações de todos os espíritas do Brasil e do mundo — e, por que não dizer, em grande parcela da humanidade, independentemente de crença, que o reconhecia como um legítimo embaixador da paz, semeando incansavelmente a Boa Nova.
Meu sucinto relato pessoal é apenas um singelo exemplo do poder que a tarefa de divulgação espírita tem de transformar vidas e corações, consolando-nos, renovando nossa fé e mostrando-nos que precisamos nos reerguer quando tudo parece conspirar para a demolição.
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Tivemos oportunidade de publicar, na edição de maio da RIE, um texto homenageando a trajetória de Divaldo, antes de sua desencarnação. Sidney Fernandes, que o escreveu, relembra episódio de maio de 2009, em Milão, Itália, quando pôde acompanhar palestra de Divaldo naquele país. A plateia, composta “por amigos e simpatizantes do orador, vindos da Itália, Portugal, Suíça, Áustria, e por representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) — emocionou-se com o esperado visitante, que discorreu sobre o tema ‘Iluminação interior’”, destaca Sidney. Iluminação, destaco, que o caracterizava e que o orador soube facultar a todos com maestria.
Médium, orador, filantropo, semeador de estrelas, arauto do Evangelho... Ou, simplesmente, Divaldo. Obrigado pelo inigualável capital ético-moral que deixa a nós outros.
julho | 2025
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